Tribalismo Cosmopolitano

Meu amigo Ticiano Paludo recomendou o vídeo Cosmpolitan Tribalism que ele viu no Festival de Publicidade de Gramado para a compreensão da chamada “geração digital” (ou Geração Y, o termo é polêmico), suas características, hábitos e comportamentos de produção de conteúdo e consumo. Gostei bastante da menção à mixagem de gêneros. No entanto, essa dicotomia entre tecnologia e natureza não me agrada – essa separação entre tekhne e physis que vem desde a Grécia é um enorme ponto de discussão, mas não falarei disso por aqui para não perder o ritmo do post – pelo meu entendimento de que uma e outra estão sempre em relação. De qualquer forma, o vídeo é bem interessante por apontar algumas conexões entre rituais antropológicos ancestrais e práticas sociais e comunicacionais no contexto da cibercultura, de forma um tanto solta mas interessante enquanto resultado audiovisual. Todavia, essa quebra de hierarquias e rupturas entre gêneros, nem sempre é como os “evangelistas do marketing” pretendem que seja. Exitem ainda muitas práticas de nicho que rejeitam determinadas mixagens culturais por não se adequarem ao seu contexto ou por não serem consideradas “autênticas” dentro de uma determinada cena, gerando assim um baixo capital subcultural, conforme já apontou Sarah Thornton em seus estudos nos anos 90. Além disso, nem toda juventude digital está engajada em “neo-psicodelia”/newrave (que é o que é mais abordado aqui), etc, há aqueles que buscam um passado anterior ao das contraculturas dos anos 60 (do século XX) como é o caso dos neovitorianos/steampunks que retomam o séc. XVIII/XIX; ou mesmo aqueles que voltam seus desejos ou visões de mundo para a cultura pop oriental, como é o caso dos Otakus, Cosplayers, etc.

Enfim, minha breve divagação foi apenas um aperitivo, preciso retornar à concentração em um dos papers que devo fechar em breve.