“We are one in the unified field”

We are all insane
Counting down every single living day
We are prisoners of fate
I smile at the way everybody accepts the pain

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Meses sem postar ou aparecer por aqui e tanta coisa aconteceu. Posso dizer que é o tempo, que é o desgaste do modelo blog, que é falta de inspiração. É um pouco de tudo isso, e outras coisas que não caberiam aqui e que tampouco interessam. 2013 está sendo um ano muito introspectivo e interessante. A retomada da terapia, levada a sério dessa vez tem operado alguns pequenos momentos de menos sofrimento nessa conturbada cabecinha que vive em vários mundos ao mesmo tempo: uma certa dose de Peter Pan que não quer crescer; a dureza política do Game of Thrones acadêmico; o mundo da música que é efetivamente onde eu vivo; a diversão pop sem preconceitos e o underground das trevas e por ai vai. A multiplicidade de coisas que eu penso, gosto e faço por vezes se embaralha e me deixa atordoada. As vezes acho que não vou sobreviver a essa tormenta de sentimentos, ações e projetos.

Just because I don’t care doesn’t mean I don’t feel
Just because I don’t feel doesn’t mean I don’t understand
We are one in the unified field

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Mas ai respiro, me renovo, ouço uma canção, pinto o cabelo, bebo uma taça de vinho com os amigos mais próximos, danço alucinadamente no meu quarto, sorrio para um estranho na rua e tudo fica um pouquinho mais fácil. Faz tempo que parei de acreditar nas grandes narrativas ideológicas ou nos  arautos da mudança. Com a idade vem um certo cinismo ou déja vu de que tudo aquilo está acontecendo de novo, mas não deixo de me maravilhar com o mundo ao redor e com a diversidade. Me contento em sentir e descrever mais,  compreender menos no sentido racional do termo.

We are not in the dark
Our animal anger is eating our human hearts
How come everything hurts if nothing lasts
I smile at the way everybody lives in the past

O ano já passou da metade e me trouxe, entre outras coisas, uma nova idade que sinceramente estou adorando. Apesar da dificuldade de aceitação no início, creio que a proximidade com os 40 está me deixando ainda mais liberta de certas amarras. Também estou sendo mais eu e fazendo mais o que eu quero e menos o que eu devo, ou o que a sociedade e as pessoas esperam que eu faça. Tenho algumas idéias sobre quem eu não sou e do que não gosto, o que já é alguma coisa comparado a todo futuro de incerteza dos 30. Não posso negar que apesar de todos os meus esforços e hard works (ok, sou uma pessoa very industrious rs vocabulário novo que aprendi recentemente) tenho uma boa dose de sorte, que por algum motivo me faz estar no lugar certo, no momento certo. E é assim que me sinto nesse momento, estou onde preciso estar, quase uma missão, no sentido religioso original – re-ligare!  Tenho essa vocação de hub, de ligar os pontinhos nas redes de pessoas e ainda me divertir trabalhando com isso. Além do aniversário, completei essa semana três anos de volta a Porto Alegre e três anos no meu emprego.  Parece que foi ontem que eu retornei para começar tudo do zero embora com uma mala de experiências. O que vai acontecer daqui por diante? Não me interessa. Penso cada vez menos no passado e no futuro. Flutuo nesse presente cheio de reviravoltas, devires e cliffhangers.

Just because I don’t care doesn’t mean I don’t feel
Just because I don’t believe doesn’t mean I don’t understand
We are one in the unified field

(Everybody loves
Everybody leaves
Everybody hurts
Everybody heals
Everybody needs)

O irônico disso tudo é que quanto mais me desapego, quanto mais desacredito, quanto mais critico, mais vejo beleza naquilo que me cerca e me torno mais parte de um todo, que eu não sei bem qual é, mas não importa, ele é único, peculiar e estou muito bem acompanhada por pessoas com quem compartilho algumas dessas sensações. Até porque os que não convergem, foram por si próprios se deslocando da minha timeline da vida. Minimum-Maximum como prega o Kraftwerk. Mais qualidade de relações e menos superficialidades.

We are all the same
Counting down every second every living day
we are prisoners of fate
I smile at the way everybody accepts the pain

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Num caminho absolutamente e torto e acinzentado sigo meu rumo. As paisagens verdes anteriormente habitadas pelos celtas, pelos saxões, pelos vikings, pelos romanos e pelos vitorianos, – todos eles partes importantes do meu DNA cultural –  me ajudaram a projetar esse novo ano ao perceber cada vez mais a profunda conexão entre cada nó da rede. As cenas e subculturas nas quais eu sempre transitei me ajudam a pensar que as diferenças criam ao mesmo tempo hierarquias e distinções mas também controem laços poderosos de identificação e afeto que podem fazercom que uma guria saída de um bairro do suburbio do sul do país consiga se sentir confortavelmente em casa em situações tão díspares quanto um bar de heavy metal na Bastille ou numa festa/performance de sound art em um studio em Hackney. E segue o baile, porque IAMX, muso, consegue dizer muito melhor do que eu. Que comece meu novo ano!

I don’t care
I don’t believe
But I feel, I feel

3 comentários

  1. otiagom · agosto 14, 2013

    Bom ver você postando de novo por aqui 😉

  2. Adriamaral · agosto 17, 2013

    Obrigada!

  3. Maíra Bianchini · agosto 26, 2013

    Adri, obrigada por compartilhar as tuas reflexões e inquietações!
    Ressoa por aqui, talvez pela proximidade com quem iniciamos novos anos e ciclos de vida =)

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