Um breve fimde em SP: quadrinhos, romantismo e musique non stop

Estou de volta após uma merecida fuga em direção a SP durante o final de semana. Além de descansar, bater perna e reencontrar pessoas, minha viagem foi bem proveitosa. Vi a mostra sobre quadrinhos alternativos norte-americanos e brasileiros na Gibiteca do Centro Cultural São Paulo, que apesar de pequena (a exposição) é bem significativa com artistas como Crumb, Angeli, entre outros. 
Paisagem com pastores, de Alessandro Magnasco
No MASP vi as gravuras de Chagall e refleti bastante sobre a exposição Romantismo: a arte do entusiasmo. Quanto mais leio, pesquiso e escrevo sobre o romantismo – e muito disso está na minha tese/livro e em alguns papers – percebo que ele continua tendo ressonâncias e influências interessantes na contemporaneidade e na dita cultura de massa (haja vista a tentativa bem sucedida comercialmente mas fracassada em termos de obra de coisas como Crepúsculo), mas isso é assunto para muitos outros posts/artigos. O que importa é que a visão de mundo romântica se desvela em alguns detalhes e continua tendo peso no que é produzido atualmente, mesmo que o crédito não esteja lá, as apropriações acontecem. Saí bastante “entusiasmada” (a intenção não era fazer esse trocadilho com o subtítulo da exposição, mas fazer o quê) para ler e escrever ainda mais sobre esse tema que continua me fascinando. 

Aliás, dentre as minhas aquisições de viagem, destaque para The rise of the gothic novel de Maggie Kilgour, ed. Routlege, 1995 e um óculos de sol novinho em folha em um tom de vermelho quase alaranjado, uma vez que perdi um dos meus óculos favoritos na semana passada. No mais, valeram os vários frapuccinos no Starbucks, salgados na Bella Paulista e encontrar vários conhecidos na festinha Urbanoise, embora a qualidade técnica do som estivesse bem difícil de engolir – nem sou tão chata assim, mas é que realmente comprometeu a performance dos lives. E agora, de volta ás tarefas, pois a semana vai ser muito corrida.

Meus dois casais prediletos da ficção

Aproveitando o dia dos namorados, faço uma breve homenagem a meus dois casais prediletos da ficção.

Primeiro, os românticos, na acepção mais correta da palavra, Cathy & Heathcliff. O vídeo utiliza cenas da versão cinematográfica de 1992 ao som de Kate Bush com a maravilhosa música título Wuthering Heights. É o casal que mais amo de toda literatura. Além da original, maravilhosamente cantada por Kate Bush, não esqueçam de conferir a versão do Angra, ainda com Andre Matos nos vocais em sua formação clássica. Ma-ra-vi-lho-sa!!! Eu vi André cantar essa versão em um show e … lágrimas escorreram na minha face! Ser true romantic goth dá nisso rs…

Heathcliff, it’s me, I’m Cathy,
I’ve come home and I´m so cold,
let me in your window.

Ooh, it gets dark! It gets lonely,
On the other side from you.
I pine a lot. I find the lot
Falls through without you.
I’m coming back, love,
Cruel Heathcliff, my one dream,
My only master

Depois, um casal mais contemporâneo, porque os não-humanos também amam. Rachel Rosen, nossa andróide de cabelos negros & Rick Deckard, o também andóide, caçador da própria espécie, em Blade Runner. Um amor cibernético com o tempo contado para acabar. Like tears in the rain. Essa cena é quando Deckard pede que Rachel efetivamente assuma que o ama. Magnífica, ainda mais com a trilha do Vangelis.

Feliz dia dos namorados a todos!

Jane Eyre (2006)

Ontem dei uma breve passada nas Ruínas de São Francisco – no Largo da Ordem – para conferir os showzinhos que rolavam ao ar livre gratuitamente como parte da programação do festival. Estava bem divertido, no entanto choveu (por isso sem fotos). À noite optei por não ir ao show para recarregar as energias para hoje.

Fiquei em casa e fiz uma maratona dos 4 episódios de Jane Eyre, minissérie (ou microssérie?) produzida pela BBC a partir do livro homônimo de Charlotte Brontë. Gostei bastante dos personagens principais, o par romântico Jane e Rochester, da direção e das magníficas locações. A estória é maravilhosa, um clássico absoluto do romantismo com todos os seus elementos: segredos, desintegração da família, ambiente claustrofóbico (no caso a propriedade de Rochester), um herói atormentado, o escapismo e a moral quase que intransponível da época, discussões científicas-psicológicas-filosóficas. Vale a pena conferir a minissérie.

Orgulho e preconceito


Além do NIN, nada melhor que outro clássico para o domingão, assisti Orgulho e Preconceito (filme de 2005 baseado no livro de Jane Austen – adoooro) que ganhei de presente de aniver. Acho impressionante o quão atual é a obra de Austen em sua análise dos rituais sociais e do comportamento humano em situações cotidianas no velho esquema garota-conhece-garoto. Em tempos em que as narrativas literárias femininas – ao menos no “mainstream” literário brasileiro centram-se em umbiguismos do tipo eu sou minha própria personagem- patricinhaalternativa – bebo-me-drogo-e sou escritora buckowskiana (blargh blargh!) – é bom ver uma adaptação fiel a um tipo de romance que preza pela narrativa, pelo contar estórias, bons diálogos e entretenimento. Talvez seja minha resmunguice com certas “literaturas supostamente transgressivas”, mas acho que no fundo eu realmente não me identifico com boa parte do que é produzido literariamente nesse século, em especial no Brasil. Claro, estou falando do suposto mainstream e não de guetos como fantasia, horror e FC.

O caderno de frases de Lord Byron


A sempre atenta Ana Roxy me enviou há alguns dias uma matéria bem interessante – que eu infelizmente não tive tempo de comentar antes sobre um novo achado literário/histórico.
Um caderno com capa de couro, que data de 1809, e
que pertenceu ao poeta romântico Lord Byron foi encontrado nos arquivos da Biblioteca Nacional da Escócia. A matéria completa, que foi publicada no jornal britânico The Times do dia 27/12/2008 pode ser lida em Why Byron, lord of romance, needed a phrasebook for love. Confiram lá.

E valeu Ana, pelo link.

portrait of Lord Byron in Albanian dress
by Thomas Phillips, c1835

totalmente off topic

[romantic mode on]

*suspiro*
quando eu era uma garota romântica e cheia de sonhos
– e não essa cética que sou hoje – um dia,
me dedicaram essa canção
em um suposto dia especial
*suspiro*

sei lá porque, essa semana me deparei
novamente com ela e pensei que, depois
do esforço racional dos últimos dias,
só as oníricas imagens que ela evoca
poderiam me trazer um pouco de conforto…
ou um misto de tristeza e alegria
ao perceber a forma como certas pessoas
deixam marcas tão profundas que acabam
interferindo para sempre em nosso modo de existir…

I was walking in the park
Dreaming of a spark
When I heard the sprinklers whisper
Shimmer in the haze of summer lawns.
Then I heard the children singing
They were running through the rainbows.
They were singing a song for you
Well it seemed to be a song for you
The one I wanted to write for you

Lavenders blue, dilly dilly, lavenders green
When I am king, dilly dilly
You will be queen
A penny for your thoughts my dear
A penny for your thoughts my dear
I.o.u. for your love
I.o.u. for your love