Das crises ontológicas…

Fazia muito tempo que eu não me sentia
tão absurdamente cansada quanto hoje.
Nos três anos em que eu e o Fabricio
estamos juntos, essa é a segunda vez
que eu não saio pra vê-lo discotecar.
A outra vez foi por doença.
Isso já dá uma indicação do quão
exausta me sinto nessa noite
de sexta-feira em que eu deveria sair,
mas uma dor de estômago me impede.
O sal de frutas ENO até resolve a parte fisiológica,
mas o cansaço mental requer um repouso.

Ontem, conversando com um amigo
falei que nesse último ano reconstruí
alguns de meus valores.
É verdade. Depois de tantos anos
de dificuldades e confusões,
finalmente posso me dar ao luxo de
ter um maior número de momentos glam….rs
Tenho dado prioridade ao “for fun”
ou seja, o que me diverte
sobre o “dever ser/ dever fazer”.
Diminuir ao máximo os imperativos categóricos
esse é o meu objetivo supremo.
Ao longo dos anos,
aprendi a “levar pedrada e sobreviver”.
Levou um tempão para eu aprender
a ligar o famoso “botãozinho do fuck off”,
ou seja, falem o que quiserem de mim,
but I just don´t care!

Esse é o normal da maioria das pessoas:
distribuir sorrisinhos pela frente
e desferir facadas pelas costas.
Não, não estou me referindo a ninguém em especial,
estou simplesmente comentando uma
característica de boa parte dos seres humanos.

Nasci com o estigma de “temporona”,
cresci sob o rótulo de “estranha”
ou outros mais desagradáveis.
Para o bem ou mal, serei sempre outsider.
Confesso, I don´t fit in.
Tirando raras exceções, ou breves momentos,
sinto-me deslocada no espaço e/ou tempo.
Mas, de alguma forma e do meu jeito peculiar
as coisas acabam por funcionar.
O que, novamente, atrai aquela chuva de
comentários ácidos e disparos atordoantes.
Com o tempo, aprendi a me mover entre eles.
No entanto, nem sempre o fato dos objetos funcionarem
significam que eles foram as opções corretas
em meio ao processo de escolhas randômicas.

Enfim, ando questionando novamente alguns valores
escolhidos pelo meu livre-arbítrio.
Talvez um sono sem sobressaltos me ajude
a compreender o fluxo de forças
que me levaram a esse momento específico.
Talvez eu deva desacelerar…

ouvindo:
Funker Vogt – War time