Comentários sobre o MUSICOM 2012 e o You Pix POA
Minhas últimas semanas foram possuídas pelo ritmo ragatanga de trabalho. O início do semestre somado a muitos deadlines e a vários eventos sociais de ordem pessoal e profissional têm me mantido mais do que ocupada. Essa é a primeira semana em que dou uma parada para respirar.
Participei de dois eventos, diferentes mas igualmente bacanas na semana passada e vou fazer breves comentários sobre ambos:
MUSICOM 2012 – Entre os dias15 a 17 aconteceu o IV MUSICOM em São Paulo, na ECA-USP. Participei em dois momentos. Primeiro no dia 16 na mediação do GT Mídia, Música e Convergência Tecnológica. Também nesse dia, destaco a ótima mesa com Simone de Sá (UFF), Jeder Janotti Jr (UFPE) e os orientandos Melina Silva e Victor Pires: “Das cenas urbanas aos territórios virtuais” que resgatou ótimos debates sobre cenas, subculturas,comunidades, territorialidades e outros termos, e tb com análises sobre o heavy metal e a nova música instrumental. Nesse dia, destaque também para a conferência de Micael Herschmann sobre a cena do jazz no RJ.
No dia 17, participei da mesa Afterpop: novas formas e experiências-limite na música pop contemporânea, coordenada pelo colega Fabricio Silveira (UNISINOS) e com a participação de José Claudio Castanheira (UFSC) e a minha. Abaixo o resumo da mesa:
A expressão “afterpop”, cunhada pelo crítico literário espanhol Eloy Fernández Porta, em publicação recente (Fernández Porta, 2007), possui, pelo menos, dois sentidos bastante demarcados. Primeiro, refere à complexificação e ao reordenamento das estéticas pop, que não se deixariam mais entender – hoje, talvez mais do que nunca – em função de noções como “popular” e “massivo”, dentre outras estabilidades conceituais há muito vigentes – praticadas, pelo menos, desde as clássicas discussões de Umberto Eco em Apocalípticos e Integrados (1968). O cenário cultural contemporâneo (afterpop) estaria povoado por formas e manifestações culturais muito mais complexas, sutis e difusas. Junto disso, a expressão designa também a necessidade de que, neste contexto, o crítico cultural (seja ele o crítico acadêmico, o crítico profissional ou o consumidor crítico) repense o próprio papel, repense as relações fruitivas e avaliativas que estabelece com produtos assim definidos. A mesa irá repercutir tais questões, destacando casos e experiências singulares que sejam então representativos das novas formas expressivas e das experiências-limite hoje em gestação no âmbito restrito da música pop contemporânea.
Fabricio apresentou o trabalho Radiohead: efeitos estéticos no sistema midiático; José Cláudio apresentou Filmes e canções. A estética do videoclipe em filmes narrativos e eu apresentei “Desfrute do abuso” Imaginário e gêneros na cena industrial, cujo resumo reproduzo abaixo:
Na mais recente edição do festival canadense Kinetik 2012, um dos maiores eventos dedicados ao gênero industrial, o músico Jairus Khan (da banda Ad.ver.sary) utilizou o palco para apresentar um manifesto em forma de vídeo criticando as duas bandas que tocariam após a sua apresentação e que ele considera como deturpando a cena “industrial” devido a uma estética fascista e machista, sobretudo em termos visuais. Em contraponto, Combichrist e Nachtmahr, as bandas criticadas – e dentre as mais populares da cena atualmente – se defenderam a partir de três premissas: a liberdade de expressão, a quebra de regras e o uso de um “personagem-narrador”. A partir desse caso ilustrativo e o seu entorno comunicacional (os videoclipes criticados, o vídeo-resposta, as entrevistas dos artistas e os comentários dos participantes/fãs), pretende-se problematizar o imaginário da cena industrial no contexto dos anos 10, a fim de discutir suas representações de gênero freqüentemente utilizadas como crítica a essa cena.
Especificamente a respeito desse paper, ele parte de algumas observações empíricas para problematizar as noções de gênero e as disputas simbólicas geracionais e sonoras da cena industrial no contexto global. Ele se encontra no prelo e assim que for publicado, eu informo.
Os debates foram bastante profícuos e foi possível se atualizar no que está sendo pesquisado sobre música e comunicação. O evento estava bem organizado, pena que não pude ver as conferências de encerramento devido ao horário do meu vôo. O único problema na minha opinião foi a falta de rede para comentarmos e ampliarmos as dicussões. Nem mesmo meu 3G funcionava.
youPIX Festival em Porto Alegre:
a internet se encontrando fora da internet
No dia 18, sábado pela manhã, fiz minha participação no youPIX Festival POA onde participei do painel Meme: O negócio ficou sério juntamente com a jornalista Rosana Hermann e com o blogueiro de humor Cid, do blog Não Salvo e Bia Granja, curadora do youPix e responsável pela mediação. Minha fala foi bastante centrada nos memes enquanto micronarrativas da cultura pop e sobre a importância do trash na estética dos mesmos, entre outras discussões. Foi bem bacana dialogar com um outro tipo de público, que não o acadêmico.
Comentários sobre o evento em geral: https://twitter.com/#!/youpix/favorites
O debate foi filmado e o ppt em breve será disponibilizado pela Bia. Agradeço também aos amigos e alunos que foram me prestigiar.