Comentários sobre o MUSICOM 2012 e o You Pix POA

Minhas últimas semanas foram possuídas pelo ritmo ragatanga de trabalho. O início do semestre somado a muitos deadlines e a vários eventos sociais de ordem pessoal e profissional têm me mantido mais do que ocupada. Essa é a primeira semana em que dou uma parada para respirar.

Participei de dois eventos, diferentes mas igualmente bacanas na semana passada e vou fazer breves comentários sobre ambos:

MUSICOM 2012 – Entre os dias15 a 17 aconteceu o IV MUSICOM em São Paulo, na ECA-USP. Participei em dois momentos. Primeiro no dia 16 na mediação do GT Mídia, Música e Convergência Tecnológica. Também nesse dia, destaco a ótima mesa com Simone de Sá (UFF), Jeder Janotti Jr (UFPE) e os orientandos Melina Silva e Victor Pires:  “Das cenas urbanas aos territórios virtuais” que resgatou ótimos debates sobre cenas, subculturas,comunidades, territorialidades e outros termos, e tb com análises sobre o heavy metal e a nova música instrumental. Nesse dia, destaque também para a conferência de Micael Herschmann sobre a cena do jazz no RJ.

No dia 17, participei da mesa Afterpop: novas formas e experiências-limite na música pop contemporânea, coordenada pelo colega Fabricio Silveira (UNISINOS) e com a participação de José Claudio Castanheira (UFSC) e a minha. Abaixo o resumo da mesa:

A expressão “afterpop”, cunhada pelo crítico literário espanhol Eloy Fernández Porta, em publicação recente (Fernández Porta, 2007), possui, pelo menos, dois sentidos bastante demarcados. Primeiro, refere à complexificação e ao reordenamento das estéticas pop, que não se deixariam mais entender – hoje, talvez mais do que nunca – em função de noções como “popular” e “massivo”, dentre outras estabilidades conceituais há muito vigentes – praticadas, pelo menos, desde as clássicas discussões de Umberto Eco em Apocalípticos e Integrados (1968). O cenário cultural contemporâneo (afterpop) estaria povoado por formas e manifestações culturais muito mais complexas, sutis e difusas. Junto disso, a expressão designa também a necessidade de que, neste contexto, o crítico cultural (seja ele o crítico acadêmico, o crítico profissional ou o consumidor crítico) repense o próprio papel, repense as relações fruitivas e avaliativas que estabelece com produtos assim definidos. A mesa irá repercutir tais questões, destacando casos e experiências singulares que sejam então representativos das novas formas expressivas e das experiências-limite hoje em gestação no âmbito restrito da música pop contemporânea.

Fabricio apresentou o trabalho Radiohead: efeitos estéticos no sistema midiático;  José Cláudio apresentou Filmes e canções. A estética do videoclipe em filmes narrativos e eu apresentei “Desfrute do abuso” Imaginário e gêneros na cena industrial, cujo resumo reproduzo abaixo:

Na mais recente edição do festival canadense Kinetik 2012, um dos maiores eventos dedicados ao gênero industrial, o músico Jairus Khan (da banda Ad.ver.sary) utilizou o palco para apresentar um manifesto em forma de vídeo criticando as duas bandas que tocariam após a sua apresentação e que ele considera como deturpando a cena “industrial” devido a uma estética fascista e machista, sobretudo em termos visuais. Em contraponto, Combichrist e Nachtmahr, as bandas criticadas – e dentre as mais populares da cena atualmente – se defenderam a partir de três premissas: a liberdade de expressão, a quebra de regras e o uso de um “personagem-narrador”. A partir desse caso ilustrativo e o seu entorno comunicacional (os videoclipes criticados, o vídeo-resposta, as entrevistas dos artistas e os comentários dos participantes/fãs), pretende-se problematizar o imaginário da cena industrial no contexto dos anos 10, a fim de discutir suas representações de gênero freqüentemente utilizadas como crítica a essa cena.

Especificamente a respeito desse paper, ele parte de algumas observações empíricas para problematizar as noções de gênero e as disputas simbólicas geracionais e sonoras da cena industrial no contexto global. Ele se encontra no prelo e assim que for publicado, eu informo.

Os debates foram bastante profícuos e foi possível se atualizar no que está sendo pesquisado sobre música e comunicação. O evento estava bem organizado, pena que não pude ver as conferências de encerramento devido ao horário do meu vôo. O único problema na minha opinião foi a falta de rede para comentarmos e ampliarmos as dicussões. Nem mesmo meu 3G funcionava.

youPIX Festival em Porto Alegre:

Cid, eu. Bia Granja e Rosana debatendo sobre memes e cultura

a internet se encontrando fora da internet

No dia 18, sábado pela manhã, fiz minha participação no youPIX Festival POA onde participei do painel Meme: O negócio ficou sério juntamente com a jornalista Rosana Hermann e com o blogueiro de humor Cid, do blog Não Salvo e Bia Granja, curadora do youPix e responsável pela mediação. Minha fala foi bastante centrada nos memes enquanto micronarrativas da cultura pop e sobre a importância do trash na estética dos mesmos, entre outras discussões. Foi bem bacana dialogar com um outro tipo de público, que não o acadêmico.

Comentários sobre o evento em geral: https://twitter.com/#!/youpix/favorites

O debate foi filmado e o ppt em breve será disponibilizado pela Bia. Agradeço também aos amigos e alunos que foram me prestigiar.

Da esq p/ direita: Renata, Ari, eu, Nayane, Er, Aninha, Die e Bru

Cultura dos fãs: A evolução da influência

Muito interessante o mini-documentário britânico Fan Culture: The evolution of influence sobre como a cultura dos fãs se transformou ao longo do tempo e como ela está relacionada com o branding na construção da afetividade pelas marcas, sobretudo através de ações online-offline. Pesquisadores como Matt Hills, fãs e profissionais do mercado de marketing falam sobre o engajamento e os relacionamento dos fãs com as marcas.

Popular Media Cultures: Writing in the Margins and Reading Between the Lines

Que evento interessante esse!!! Sherlock, True Blood, Madonna online, trolls e ativismo de fãs. É muita coisa bacana num só dia! #ficadica para quem estiver em Londres na data.
Dear colleagues
You are invited to register for:
Popular Media Cultures: Writing in the Margins and Reading Between the Lines
 

A One Day Symposium to be held at the Odeon Cinema, Covent Garden, London
Saturday 19th May 2012.
Keynote Address by
Prof. Henry Jenkins, University of Southern California
Registration starts at 9am with the programme of presentations starting at 10am followed by the Keynote address. The day is scheduled to close at 6pm.
The Programme is as follows:
Prof. Mark Jancovich

“Relocating Lewton: Cultural Distinctions, Critical Reception and the Val Lewton Horror Films.”

Dr Stacey Abbott

“‘I Want to Do Bad Things to You’: The Cult of the TV Horror Credit Sequence.”

Dr Will Brooker

“Hunting The Dark Knight: Authorship and the Nolan Function.”

Dr Joanne Garde-Hansen and Dr Kristyn Gorton

“From Old Media Whore to New Media Troll: Theorising Madonna Online.”

Dr Matt Hills

“Towards a Psychosocial Theory of Spoilers: Doctor Who, Ontological Security, and Fans’ Self-Narratives.”

Prof. Roberta E. Pearson

“I Hear of Sherlock Everywhere: Fans and the Sherlockian ‘Franchise’.”

Dr Cornel Sandvoss

“The Politics of Proximity in Part-Scripted Reality Drama: On fans of The Only Way is Essex and Made in Chelsea.”

 

Keynote Address

 

Prof. Henry Jenkins

“Beyond Poaching: From Resistant Audiences to Fan Activism.”

Popular Media Cultures seeks to explore the relationship between audiences and media texts, their paratexts and interconnected ephemera, and the related cultural practices that add to and expand the narrative worlds with which fans engage. How audiences make meaning out of established media texts will be discussed in connection with the new texts produced by fans. The symposium will focus on the cultural work done by media audiences, how they engage with new technologies and how convergence culture impacts on the strategies and activities of popular media fans.

Fees (including lunch and refreshments)*:
£50 Full rate
£25 Student reduced rate
*Delegates on the day will receive a 10% discount on purchases made at the Forbidden Planet Megastore on presentation of their symposium name badge.
For further details of how to register and attend the event go to our website at: http://popularmediacultures.port.ac.uk/
The Symposium is supported by the Centre for Cultural and Creative Research at the University of Portsmouth. See: http://www.port.ac.uk/research/cccr/
Dr Lincoln Geraghty
Reader in Popular Media Cultures
Director of the Centre for Cultural and Creative Research
School of Creative Arts, Film and Media
University of Portsmouth
Coordinator, Popular Media Cultures Symposium:  www.popularmediacultures.port.ac.uk
Editor, Directory of World Cinema: American Hollywood, Intellect Books
http://www.worldcinemadirectory.org/
Profile:
Mail:
3.30 St George’s Building, 141 High Street, Old Portsmouth, PO1 2HY, UK
Tel: +44 (0) 239 284 5754
Fax: +44 (0) 239 284 5372
E-mail: Lincoln.Geraghty@port.ac.uk
Fonte: Fan cultures list

A nova cultura da música

Na terça-feira passada, dia 03 de abril, participei de uma mesa muito bacana na UNISINOS organizada pelo Grupo de Pesquisa em Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS) e promovida pelo CULTPOP (meu grupo). Intitulada de “A nova cultura da música”, a mesa abordou as transformações nas formas de produção e consumo da música na era digital e contou com os painelistas Leonardo de Marchi (UFOA) e Marcelo Conter (UFRGS), além de mim é claro. O Marcelo Conter disponibilizou em seu blog os áudios das três falas.

Leonardo centrou sua fala na sua tese de doutorado defendida na UFRJ a respeito das mudanças na indústria fonográfica e na constituição de novos mercados, modelos de negócios e mediadores a partir da emergência de novas formas de produção e distribuição possibilitadas pelas TICs.

Na sequência,  fiz uma fala mais geral apresentando um breve mapeamento de novas práticas de consumo e fruição da música centrando-me sobretudo nas plataformas específicas e nos processos produzidos pelos fãs como fansourcing, fanfunding, entre outros.

Marcelo encerrou a mesa apresentando os resultados e as principais categorias desenvolvidas em sua dissertação de mestrado – da qual participei da banca em fevereiro – sobre vídeos musicais na internet, centrando-se em questões técnicas, estéticas e de linguagem para demonstrar como há uma multiplicidade de formatos que expandem o que considerávamos videoclipe, no qual música e imagem estão intrinsica e organicamente associadas, sobretudo nos processos de montagem.

Abaixo, os slides da minha apresentação:

CfP 3rd Global Conference – Urban Fantasies: Magic and the Supernatural

O Call for Papers abaixo é literalmente fantástico. Muito bom ver que essas temáticas estão sendo inseridas em eventos acadêmicos. Para mais informações, consultar:

www.inter-disciplinary.net/at-the-interface/evil/magic-and-the-supernatural/call-for-papers/

3rd Global Conference Urban Fantasies: Magic and the Supernatural

Sunday 18th March – Tuesday 20th March 2012
Prague, Czech Republic

Bewitched. I Dream of Jeannie. The Exorcist. Charmed. Buffy. Dr. Who. Dracula. Dark Shadows. Twilight and The Twilight Zone.Jimmy Paz.Matthew Swift. Felix Castor. Sookie Stackhouse and Bill Compton. Harry Dresden. Harry Potter. These are among the more recent characters that fill the shelves of “Urban Fantasy” in local or online bookshops. The novels that constitute the genre are set in cities or gritty inner-cities and contain one or more fantastic elements. Alien races, mythological characters, paranormal beings, and the manipulation of magical forces all appear in these novels. Self-esteem issues and tragic pasts often color or shape the principal characters. Although most often “contemporary,” the tales are sometimes set in the past or future as well. The books and stories demonstrate how magic or the supernatural interact with everyday quotidian life, either changing it forever (as in the *Shadow Saga*) or remaining a hidden force that protects the unknowing residents of the city (as in *The Chamber of Ten*).

This “Urban Fantasy” thread is part of a larger project concerned with Magic and the Supernatural in all its myriad forms. The fascination and appeal of magic and supernatural entities pervades societies and cultures. The continuing appeal of these characters is a testimony to how they shape our daydreams and our nightmares, as well as how we yearn for something that is “more” or “beyond” what we can see-touch-taste-feel. Children still avoid stepping on cracks, lovers pluck petals from a daisy, cards are dealt and tea leaves read.

A belief in magic as a means of influencing the world seems to have been common in all cultures. Some of these beliefs crossed over into nascent religions, influencing rites and religious celebrations. Over time, religiously-based supernatural events (”miracles”) acquired their own flavour, separating themselves from standard magic. Some modern religions such as the Neopaganisms embrace connections to magic, while others retain only echoes of their distant origins.

Papers from any discipline are welcome on any aspect of the Urban Fantasy genre as well as those concerned with Magic and the Supernatural in more general terms or other subheadings. Possible subjects include, but are not limited to, these:

  • Gender and sexual stereotypes/roles in UF stories
  • Updating and rewriting of traditional mythologies in UF
  • Role of / interaction of magic/philosophy/religion in UF
  • Magical practice as religion in UF
  • Changes in UF as reflections of /opposition to contemporary culture
  • Cultural and racial stereotypes in UF
  • Comparison of UF and other fantasy sub-genres
  • Importance of geographic location (ex. London, Salzburg, Venice) in UF
  • Importance of historical accuracy and fidelity in UF
  • Explanations for how “magic” functions/operates in varying UF stories
  • Magic as “paranormal,” anything alleged to exist that is not explainable by any present laws of science
  • the distinctions between “magic” and “religion” and “science”
  • Magical thinking and the equation of coincidence with causality
  • Folk magic and “traditional” systems of magic
  • “Magick” and “Wicca” as religious systems in modern society
  • Witchcraft in the European context
  • “Witchcraft” and animism in African or Asian contexts
  • Magic as illusion, stagecraft, sleight-of-hand
  • Magic in modern literature (ex. Harry Potter, Harry Dresden, the saga of Middle Earth, the Chronicles of Narnia, etc.) and in traditional literatures (folk or fairy tales, legends, mythologies, etc.)
  • Magic in art and the depiction of magical creatures, practices or practitioners
  • the associations of magic with the “monstrous” or “evil;” does one imply the presence of the other?
  • the portrayal of magic, magical creatures, and magical practices or practitioners on television and in film
  • the roles or uses of magic in video games, on-line communities, role-playing games, subcultural formations and identities
  • the similarities and differences of magical creatures across societies and time periods
  • the interplay of “magic” and “religion” as well as “science”
  • the “sciences” of demonology and angelology
  • the role of divination or prophecy in societies or religions
  • the use of “natural” vs. “supernatural” explanations for world events
  • Magic and the supernatural as coping mechanisms for individuals and societies

The Steering Group also welcomes the submission of pre-formed panel proposals. 300 word abstracts should be submitted by Friday 30th September 2011. All submissions are minimally double blind peer reviewed where appropriate. If an abstract is accepted for the conference, a full draft paper should be submitted by Friday 27th January 2012. Abstracts should be submitted simultaneously to the Organising Chairs; abstracts may be in Word, WordPerfect, or RTF formats with the following information and in this order:

a) author(s), b) affiliation, c) email address, d) title of abstract, e) body of abstract

Please use plain text (Times Roman 12) and abstain from using footnotes and any special formatting, characters or emphasis (such as bold, italics or underline). We acknowledge receipt and answer to all paper proposals submitted. If you do not receive a reply from us in a week you should assume we did not receive your proposal; it might be lost in cyberspace! We suggest, then, to look for an alternative electronic route or resend.

Organising Chairs

Stephen Morris
Hub Leader (Evil)
Independent Scholar
New York, USA

Rob Fisher
Network Founder and Network Leader
Inter-Disciplinary.Net,
Freeland, Oxfordshire, UK

The conference is part of the ‘At the Interface’ programme of research projects. It aims to bring together people from different areas and interests to share ideas and explore various discussions which are innovative and exciting.

All papers accepted for and presented at this conference will be eligible for publication in an ISBN eBook. Selected papers maybe invited for development for publication in a themed hard copy volume(s) or for inclusion in the Perspectives on Evil journal (relaunching 2011).

Style Sheets
In preparing your papers, please pay strict attention to the following style sheets

CfP 2nd Global Conference Urban Popcultures

Recebi através do colega Fábio Fernandes (@fabiofernandes) o call for papers abaixo. Para informações mais completas, acessar:

www.inter-disciplinary.net/critical-issues/cyber/urban-popcultures/call-for-papers/

urban pop cultures cfp

2nd Global Conference – Urban Popcultures

Friday 9th March- Sunday 11th March 2012

Prague, Czech Republic

Call for Papers:

This inter- and multi-disciplinary conference aims to examine, explore and critically engage with issues related to urban life. The project will promote the ongoing analysis of the varied creative trends and alternative cultural movements that comprise urban popultures and subcultures. In particular the conference will encourage equally theoretical and practical debates which surround the cultural and political contexts within which alternative urban subcultures are flourishing.

Papers, reports, work-in-progress, workshops and pre-formed panels are invited on issues related to any of the following themes:

1. Popular, Alternative, and Underground Music Cultures
Alternative and Underground Dance, Electronica, Hip Hop, Gothic, Punk and Post-Rock Scenes. Local, Regional, and Global Scenes. The Mass-Appropriation of Underground Music. Independent Music Cultures. Popular Music Theory.

2. Subcultures, Communities, and Codes
Underground and Alternative Ideologies and Lifestyles. Issues of Gender, Sexuality, and Identity. The Avantgarde and Urban Codes. Urban Religion and Religious Expressions. D.I.Y.

3. Theories and Critical Studies of Popular Culture
Histories, Representations, and Discourses on Independent Scenes. The Frankfurt School. The Visual Turn. Urban Intertextualities and Intermedialities. Cultural Appropriations. Postmodernity and Beyond.

4. Popular and Subversive Expressions in Fashion, Art, Film, and Literature
Urban and Contemporary Life and Themes Considered in Music, Literature, Art and Film. Urban Fashion, Style, and Branding. Pop Art. Graffiti. Low vs. High Culture.

5. The City as Creative Subject/Object
Virtual Urbanity – Online Communities and the Impact of Social Networking. Urban Identity and Membership. Globalization/Localization of Urban Experience. Recent trends in Copyright/Copyleft. The Role of Internet in the Transformation of Music Industry. The Impact of User-generated Content.

6. Conflict, Popular Revolt, and Politics
Music and Politics. Race and Music Styles. Music Revolutions. Generational Conflicts. Class Divisions. Ageing Music Fans and Cross-generational Cool. New Schools vs. Old Schools.

7. Popular Culture Online and in Massmedia
The Visual Aspects of Urban Entertainment. The Evolution of Music and Thematic Television. Media Structure of Music Video. Explicit TV and Censorship.

300 word abstracts should be submitted by Friday 30th September 2011. All submissions are minimally double blind peer reviewed where appropriate. If an abstract is accepted for the conference, a full draft paper should be submitted by Friday 27th January 2012. Abstracts should be submitted simultaneously to the Organising Chairs; abstracts may be in Word, WordPerfect, or RTF formats with the following information and in this order:

a) author(s), b) affiliation, c) email address, d) title of abstract, e) body of abstract

Please use plain text (Times Roman 12) and abstain from using footnotes and any special formatting, characters or emphasis (such as bold, italics or underline). We acknowledge receipt and answer to all paper proposals submitted. If you do not receive a reply from us in a week you should assume we did not receive your proposal; it might be lost in cyberspace! We suggest, then, to look for an alternative electronic route or resend.

Organising Chairs
Jordan Copeland
La Salle University,
Philadelphia, USA

Daniel Riha
Hub Leader (Cyber), Inter-Disciplinary.Net
Charles University,
Prague, Czech Republic

Rob Fisher
Network Founder and Network Leader
Inter-Disciplinary.Net,
Freeland, Oxfordshire, UK

The conference is part of the ‘Critical Issues’ programme of research projects. It aims to bring together people from different areas and interests to share ideas and explore various discussions which are innovative and exciting.

All papers accepted for and presented at this conference will be eligible for publication in an ISBN eBook. Selected papers maybe invited for development for publication in a themed hard copy volume(s) or for inclusion in a new Cyber journal (launching 2011).

Style Sheets
In preparing your papers, please pay strict attention to the following style sheets

Cultura Pop na Academia?

Que a cultura pop se encontra em um momento de grande visibilidade devido à popularização das tecnologias de informação e comunicação não há dúvidas. Que ela é um tema emergente dentro dos estudos de comunicação também é visível. À exceção de alguns autores, grupos de pesquisa e PPGs , falta ainda no meio acadêmico brasileiro colocar de forma mais explícita tais perspectivas, literalmente tirando a cultura pop do armário.

Foi a partir dessas premissas e da necessidade de debater com mais rigor teórico e metodológico  alguns pontos sobre a cultura pop na área que surgiram alguns debates e pontos iniciais para uma disciplina. Além disso, a partir da percepção de que um amplo número de projetos de pesquisa de mestrandos e doutorandos abordam  de forma direta ou indireta a questão ou analisam objetos empíricos desse universo, que a Linha de Pesquisa Cultura, Cidadania e Tecnologias da Comunicação do PPG em Ciências da Comunicação decidiu ofertar em regime de Tópicos (abordagem de temáticas eventuais conjunturalmente percebidas como relevantes para uma das Linhas de Pesquisa e para a Área de Concentração, ou referentes a questões teórico-metodológicas identificadas nas atividades do programa) uma disciplina que contemplasse algumas discussões centrais sobre análise de produtos oriundos da cultura pop e que estabelecesse relações com temas que aparecem em nossas próprias pesquisas.

Foi assim que surgiu a ideia de oferecer no próximo semestre, a disciplina Tópicos de Comunicação e Cultura Pop. O curso terá 7 encontros presenciais às quartas-feiras no Centro 3, na Unisinos em São Leopoldo. A disciplina está aberta para inscrições de alunos especiais (graduados, mestrandos, mestres e doutorandos) interessados na temática.

Abaixo indiquei os pontos do conteúdo programático e o cronograma das aulas. O acesso à bibliografia e as descrições completas e caracterização da disciplina se encontram no programa de aula a ser distribuído na primeira semana. Quem tiver  dúvidas ou informações sobre o conteúdo pode entrar em contato comigo (Adriana Amaral – contato: adriamaral@yahoo.com  e adriamaral@unisinos.br  – ramal 1391 – Sala 3A315) ou com o professor Fabricio Silveira (contato: fabriciosilveira@terra.com.br e fabricios@unisinos.br   – ramal 1387 – Sala 3A308).

Detalhes e informações sobre as inscrições e procedimentos para alunos especiais podem ser obtidos diretamente com a secretaria.

Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação

Fone: (51) 3590 8450
(51) 3591 1100 – ramal 1381
E-mail: poscom@unisinos.br

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação – UNISINOS

Disciplina: Tópicos de Comunicação e Cultura Pop

Semestre: 2011/02

Carga horária: 30h

Créditos: 02

Área temática: Comunicação

Professores:

Adriana Amaral 

Fabrício Silveira

EMENTA

A idéia de que vivemos numa “sociedade midiatizada” é hoje senso comum (dentro e fora do campo acadêmico). Do mesmo modo, poucos discordariam que estamos atualmente imersos num cotidiano fortemente marcado pelo signo do espetáculo (pela “espetacularização” generalizada do social). Nesse contexto – talvez até em decorrência desse quadro –, não é de estranhar que a chamada “cultura pop” tenha ganhado (e venha ganhando) cada vez maior proeminência. Quais são, portanto, o lugar, a complexidade e as particularidades do pop na cultura contemporânea? Que significados culturais carregam hoje os grandes ícones da música pop, por exemplo? De que forma movimentam os imaginários sociais? Como lidam e como se valem das indústrias comunicacionais e dos suportes midiáticos? Quais os novos regimes tecnológicos e os novos regimes de visibilidade gerados em função (ou a partir) deles? No intuito de suscitar e desenvolver tais indagações, a disciplina destacará diversos casos empíricos, diversos autores e diversas perspectivas teóricas, todos pertinentes ao exame das afetações recíprocas entre os campos da cultura, da comunicação midiática e da cultura pop contemporâneas.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

– Dilemas e definições da cultura pop

– Novas dimensões e novas dinâmicas culturais do rock

– Estéticas da comunicação

– A cultura dos fãs

– As cenas e as subculturas juvenis

– Performances e ritualidades

– Tecnologias e materialidades da comunicação no âmbito da cultura pop

– Prazeres extremos: fetichismos, fascínios, perversões, transes e delírios no universo pop

CRONOGRAMA:

Encontro 01 – 10/08 – 14h-18h

Apresentação do Programa da Disciplina, das metodologias de aula e de avaliação.

Divisão dos seminários a serem apresentados pelos alunos

Debate sobre conceitos de cultura pop

Encontro 02 – 24/08 – 14h-18h

Estéticas da Comunicação – Elementos para a discussão do Rock e do Funk

Encontro 03 – 14/09 – 14h-18h

Cultura da música eletrônica – Entendendo as origens da música eletrônica , discussões sobre capital subcultural e autenticidade nas cenas e o papel das tecnologias e mídias na representação dos mesmos.

Encontro 04 – 21/09 – 14h-18h

Um estudo de caso. Radiohead – Experiências visuais e sonoras na cultura pop contemporânea

Encontro 05 – 28/09 – 14h-18h

Cultura Gótica, neovitorianismo e sua permanência estética – as origens românticas, a influência da literatura, a subcultura gótica dos anos 80 (séc XX) e suas apropriações (música, moda, cinema, etc), o gótico americano, o cybergótico. A representação gótica na mídia massiva: identidade e sexualidade na cultura gótica e o pânico/ameaça moral da mídia.

Encontro 06 – 05/10 – 14h-18h

Além e aquém dos gêneros. Culturas e formas extremas. O caso do gênero musical noise.

Encontro 07 – 19/10 – 14h-18h

Cultura dos fãs – A importância da cultura dos fãs e suas representações na mídia. A figura do Acadêmico-fã. Presença da cultura dos fãs nas origens da cibercultura. Colaboração e conflito na cultura dos fãs através das redes sociais. Antifãs e disputas simbólicas.

Encontro 08 – 19/10 (19 às 21h)

Encerramento da disciplina e apresentação dos seminários

Mais informações e inscrições:

Secretaria PPGCCom Unisinos

Fones: (51) 3590 8450 e (51) 3591 1100 – ramal 1381
E-mail:
poscom@unisinos.br

ATUALIZAÇÃO: A jornalista Greyce Vargas produziu uma matéria sobre essa disciplina para o JU Online , confiram o resultado em Cultura Pop na Academia.

Antifãs e as disputas simbólicas nas redes

Essa semana a Revista Época publicou uma matéria sobre antifãs e suas mobilizações online e offline. Intitulada “Quando o barato é odiar“, a matéria trouxe como foco a organizações dos antifãs de bandas ou artistas (a maioria dos artistas citados tem público-alvo adolescente como Justin Bieber e Restart por exemplo) nos sites de redes sociais como Orkut, Facebook e Twitter. O enfoque da matéria foi mostrar o velho senso comum do “falem mal, mas falem de mim” como uma espécie de aliado na divulgação dos artistas. Entretanto, faltou mostrar o lado negativo que esse tipo de buzz gera, como por exemplo a estigmatização dos artistas dentro de um determinado gênero e a forma de lidar com essa mobilização específica.

Os estudos sobre fãs vem acontecendo no âmbito acadêmico com mais ênfase desde os anos 70, principalmente a partir da abordagem dos estudos culturais e da mídia comparada. Esse tipo de grupo organizado em torno de um determinado produto cultural midiático está engajado em práticas de formação de identidade e discussão e crítica em torno dos textos (entendidos aqui como músicas, filmes, séries, etc). Assim, a partir do momento que existe um grupo que se organiza em torno da afeição em relação a um determinado objeto de “culto”, existirão disputas e antagonistas. A questão dos antifãs é muito mais comportamental, estética e cultural do que tecnológica, embora é claro, os sites de redes sociais possibilitem uma maior pulverização e visibilidade desses fluxos interacionais.

Jon Bon Jovi X Kurt Cobain (hair metal X grunge)

Em tempos pré-internet, essas rixas se davam muito mais nas ruas, nos shows e também nos fanzines ou cartas de leitores das revistas de música. Na genealogia dos estilos subculturais as guerras simbólicas (e outras físicas de fato) estão incorporadas como características desde os seus primórdios. E toda a  literatura sobre o tema resgata por exemplo os classicos confrontos Mods X Rockers em Londres. No âmbito regional, a rixa fãs de Engenheiros do Hawaii X fãs de Nenhum de Nós nos anos 80 mobilizou jovens porto-alegrenses. Outro clássico, mas nos anos 90 foram as brigas entre integrantes de duas cenas musicais: Poseurs X Grunges. Essa briga até hj mobiliza discussões acerca da morte do “hair metal”, por exemplo e volta e meia dá as caras na imprensa especializada e nos foruns da rede. Atualmente muitas disputas se dão em torno das divas pop como Britney X Gaga por exemplo, além da adjetivação pejorativa do termo “coxinha” ao indie rock bom moço de bandas como Coldplay por exemplo. Esse tipo de disputa dá sentido à construção da “ontologia do fã” e de sua identidade.

A imprensa musical britânica sempre foi “mestre” em manipular essas manifestações e em contrapor fandoms de diferentes bandas desde o tempo de Beatles contra Stones até a briga entre os college boys do Blur e os desbocados fanfarrões do Oasis nos tempos em que o britpop viveu seu auge. A polarização entre duas bandas inglesas nas paradas e na crítica musical a cada semana gerava buzz e mantinha fãs e antifãs consumindo, debatendo e interpretando as capas de revista enquanto bebiam muitas pints of beer nos pubs ingleses.

Maggie’s Dream, banda de Robbie Rosa e o estigma ex-boyband

No quesito estigma, podemos apontar muitos exemplos, dentre eles o ex-Menudo Robby Rosa que ao deixar o grupo tentou uma carreira na cena hard rock e foi rechaçado com veemência. Jamais esquecerei da tentativa da banda dele Maggie’s Dream ao abrir para o Faith No More em Porto Alegre em 1991. Ele cantava de costas para o palco enquanto o público tocava latinhas e copos plásticos. Outros, como Marl Wahlberg (ex-teen idol Marky Mark) conseguem superar e reconstruir uma outra identidade  e assim afastar a movimentação dos antifãs. No caso de Wahlberg, que ficou sendo respeitado como ator de filmes sérios como Boogie Nights, ele precisou mudar de área, da música para o cinema. Mesmo assim, nos créditos do filme Rockstar, a produção “tira o maior sarro” de seu passado como teen idol.

Fãs e antifãs são faces da mesma moeda, o que significa que embora os antifãs pareçam também ajudar a gerar buzz e a citar o nome do artista, seu poder simbólico pode ser tão forte quanto o dos fãs e trazer sérios danos à marca do artista, então não podemos subestimá-los de forma tão leviana.

Em relação à maneira de lidar com os antifãs, não há uma receita pronta a ser seguida. É muito mais difícil conter a expressão de sentimentos transmutados em garrafadas dos headbangers em Carlinhos Brown em um festival uns anos atrás do que colocar Galvão Bueno para rir do Cala Boca Galvão nos Trending Topics em rede nacional. Tenho uma hipótese de que a questão dos antifãs está muito relacionada a algo palpável materialmente que se apresenta de forma corpórea, a uma estética fisiológica nietzscheana que pode incomodar tanto os sentidos a ponto de fazer alguém expressar esse repudio de forma verbal, escrita, etc.  Como já descreveu Wisnik (1999) em O som e o sentido:

A música não nomeia coisas visíveis como a linguagem verbal faz, mas aponta para uma força toda sua para o não verbalizável; atravessa certas redes defensivas que a consciência e a linguagem cristalizada opõem a sua ação e toca em pontos de ligação efetivos do mental e do corporal, do intelectual e do afetivo. Por isso mesmo é capaz de provocar as mais apaixonadas adesões e as mais violentas recusas”

Como fui fonte dessa matéria, decidi postar aqui no blog as respostas completas às perguntas que o jornalista Danilo Venticinque me fez (já que o online possui a vantagem do espaço sobre o impresso) para aprofundar um pouco o debate.

Época: O que uma pessoa precisa fazer para deixar de ser simplesmente alguém que não gosta de determinado artista e passar a ser considerada um antifã?

Adriana: Há uma diferença entre não-fã e antifã. É uma questão de construção de identidade que se dá através de lutas/disputas no domínio discursivo ao nível do engajamento com as informações e as possíveis interpretações através dos quais se articulam os produtos midiáticos, os produtores e os fãs. O não-fã simplesmente não gosta ou não liga o suficente para um determinado artista, filme, etc. Assim sua identidade se dá pela exclusão. Já o anti-fã se determina pela relação de “gosto” ou de localização de incoerências no discurso dos fãs. O anti-fã de certa forma também é um fã, afinal o antifã se engaja com o produto de forma bastante parecida com o fã, mas não pelo afeto e sim pela crítica (ou xingamento). O engajamento é de olhar, anotar, observar, avaliar, classificar, interpretar com o mesmo afinco do fã, apenas para demonstrar o quanto determinado produto/artista é ruim ou não presta. O anti-fã demonstra o seu “não-gostar” para caracterizar o não-pertencimento a um determinado grupo, tribo, etc. É uma forma simbólica de “empoderamento” através do discurso,  ao dizer “eu detesto X”, eu me demarco, demonstro minha identidade em oposição ao outro. Por exemplo, se alguém afirma odiar Lady Gaga e ocupa parte do seu tempo xingando ou criticando a cantora ou seus fãs pela internet, esse engajamento representa  uma vontade de se desvincular daquele grupo e se mostrar pertencente a um outro grupo, que pode se considerar mais “refinado”em seu gosto, por exemplo. Ou pode até ser uma questão de demarcação geracional.

Época: Quando os antifãs começaram a adquirir o peso que têm hoje? Na sua opinião, por que eles ganharam tanto espaço?

Adriana: Fãs e antifãs sempre existiram, onde existe um, existe o outro. Basta ver o exemplo dos esportes, no Brasil, o caso do futebol é sintomático. Discussões através de cartas em fanzines, em lojas de discos, shows, partidas nos estádios, entre outros locais sempre aconteceram. A diferença é que a partir da popularização da internet, ambos os grupos ganharam maior visibilidade e a possibilidade do arquivamento e rastreamento dessas discussões. As dinâmicas das redes digitais amplificam e potencializam esse tipo de engajamento e mobilização.

Época: Artistas que têm um grande número de antifãs (Rebecca Black, Justin Bieber, Restart, A banda mais bonita da cidade) podem se beneficiar do buzz gerado por eles? Ou o antifã atrapalha mais do que ajuda?

Acredito, a partir das pesquisas que vêm sendo realizadas, que existam relações de poder em constante fluxo. A proporção de fãs e antifãs se auto-organiza à medida que essas discussões e o buzz vão se perpetuando nas redes, no boca a boca e até mesmo na imprensa e na mídia massiva. Acredito que os antifãs são uma parte importante nas relações de sociabilidade e que podem inclusive mobilizar ainda mais a união dos fãs. Ou seja, se por um lado os antifãs fazem um “barulho” negativo e podem afetar a reputação dos artistas, por outro lado, eles estimulam a capacidade de organização dos fãs. É uma disputa simbólica de cabo de guera, em que o que está em questão são os “saberes” e os afetos.  Há um outro fator importante para saber se os antifãs atrapalham ou ajudam ‘e o quem está se posicionando em qual lado. O capital social e a reputação de um crítico musical ou de uma determinada celebridade, por exemplo, como fã ou antifã podem dar maior peso a esses discursos, do que o  de uma “pessoa comum”. Por ex, o Zeca Camargo se declarou “fã” da Rebecca Black (afirmou gostar). Por um lado essa afirmação dele convoca um grupo de pessoas mais velhas do que o público-alvo da cantora a talvez se posicionarem como fãs, uma vez que ele representa esse grupo, e ao mesmo, tempo pelo caráter massivo e popular da emissora pode criar ainda mais antifãs para ela, uma vez que quem não se identifica com o apresentador do Fantástico pode estabelecer uma relação de identificação ou rejeição com o artista.

Em resumo, para uma leitura de cenários e comportamentos dos fãs e antifãs é preciso olhar além dos sites de redes sociais e das tecnologias. É preciso compreender as apropriações de suas materialidadese, também é necessário resgatar o contexto histórico das cenas musicais, as questões relativas aos gêneros musicais e características da construção do ethos subcultural, entre vários outros aspectos sociais, antropológicos e estéticos.

A cultura e o mercado dos games no IV Gamepad – Parte I

Na sexta e sábado (27 e 28 de maio) aconteceu o Gamepad IV – Seminário de Games, Comunicação e Tecnologia na Universidade Feevale em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Participei como coordenadora do GT Cultura Pop (que esse ano recebeu poucos trabalhos) e acabei dividindo um pouco a mediação juntamente com a colega Suely Fragoso (UFRGS) que coordenou o GT Jogos Digitais. Agradecimento especial ao Marsal Branco (coordenador do curso de games) e ao Thiago Mendes (coordenador do Gamepad 4) pelo convite. Por um desses infortúnios cotidianos, perdi meu celular durante o evento o que acarretou em minha não participação no sábado. Mas já está tudo resolvido, comprei um novo – com sistema Android e tudo.

No entanto, sabendo da participação de dois alunos meus no evento, pedi a eles que fizessem um post comentando os principais debates e aspectos discutidos. Segue então o relato do primeiro dia escrito pela mestranda Lívia Fonseca (@silmeryuna) e as fotos do mestrando Rafael Krambeck (@krambeckrs), ambos jovens pesquisadores. Lívia tem graduação em Design Gráfico pela UFPEL,  está terminando a especialização em Jogos Digitais na PUCRS . Pesquisa as representações femininas nas personagens dos games, em especial na franquia Final Fantasy. Já Rafael, tem graduação em jornalismo pela UNIFRA (Santa Maria) e pesquisa novas configurações sociais online, identidades e representações nos mundos virtuais e em sites de redes sociais.

Gamepad 4 – Primeiro dia

A pedido (irrecusável) da minha orientadora de mestrado Adriana, estou aqui para falar um pouco sobre o evento que ocorreu este fim de semana sobre games, comunicação e tecnologia: o Gamepad. O evento, que já está na sua quarta edição, ocorre bi-anualmente na Feevale (Novo Hamburgo/RS), porém este é o primeiro ano em que participo. Tenho um pequeno problema com eventos acadêmicos, pois não costumava freqüentá-los anteriormente (que vergonha gente!) e agora que entrei nessa vida, preciso modificar meus hábitos se quiser levar a diante minha pesquisa.

Essa pequena introdução serve para esclarecer que o post a seguir vai contar com alguns comentários desta pobre mestranda que recém está descobrindo o este universo a ser explorado, e destacar os pontos que me chamaram atenção neste seminário tão relevante para o cenário gamer do Brasil =).

O Gamepad foi organizado pelos professores Marsal Ávila Alves Branco e Thiago Godolphim Mendes, além de outros colaboradores importantes. O foco  principal apresentado logo na abertura do evento foi na dificuldade de produção e comércio de games no Brasil, pois a falta de incentivo do governo causa altos impostos e desvalorização da relevância destes games como forma de entretenimento e arte. Vários movimentos já foram feitos para reverter esta situação, mas cabe a nós estudantes, pesquisadores, produtores e fãs em geral, fazer nossa parte.

Palestra sobre cultura pop japonesa

A primeira palestra do evento foi da pesquisadora (e super simpática), professora Doutora Sonia Luyten. A pesquisadora fez um apanhado sobre seu trabalho de anos englobando as histórias em quadrinhos, principalmente as japonesas (mangás e animes). Sua pesquisa envolveu o grupo de fãs, a criação de comunidades envolvendo pessoas que se identificavam com este tema, a transposição de fronteiras regionais, a globalização, as possibilidades que a internet fornece para dar suporte ao assunto, manifestação destes fãs (como eventos de animes) e o movimento financeiro que estas atividades movem; tópicos que serviram de suporte para o reconhecimento desta área como uma cultura pop realmente relevante no cenário mundial. Ela encerrou esta palestra demonstrando como estas manifestações são também presentes nesta área dos games, provando o quanto seria relevante o mercado apostar nestas novas tecnologias. Eu, como fã, sei o quanto estas duas áreas estão relacionadas: uma sofre influência da outra e ambas circundam esse cenário globalizado e mercadológico movido pelos fãs.

Após essa primeira palestra de abertura, somos encaminhados para nossas tarefas. O evento proporcionou algumas oficinas práticas para ensinar ferramentas bastante utilizadas na produção de um game, tanto para designers quanto para programadores. As oficinas deste primeiro dia eram: Flash, iluminação 3D, programação para celular, Photoshop e normal map.

Discussões no Grupo de Trabalho

Para os pesquisadores que enviaram trabalhos, houve um GT pelas professoras Adriana Amaral e Suely Fragoso sobre Jogos digitais e cultura Pop. Tentarei ser breve quanto a cada trabalho que assisti:

– Publicidade e Estratégia Transmídia: Um Estudo do Caso TMobile – Camila Pereira Morales .

Neste trabalho, a pesquisadora abordou formas alternativas no cenário comunicacional, exemplificando como a transmídia pode ser relevante para o marketing de um produto, causando um acesso e uma elasticidade na mensagem apresentada. Citou o caso do TMobile, que utilizou dos chamados “Flash mobs”para criar este marketing, postando vídeos no Youtube e na televisão.

– A versão de mundo de Final Fantasy VI – Ernane Guimarães Neto.

O pesquisador utilizou-se do game Final Fantasy VII para explicar a assimilação de um mundo não-real por parte dos jogadores. Citou exemplos em que um elemento cujos significados podem ser “re-aprendidos” e assimilados como um elemento em comum (como é o caso do Elemental Shiva, presente em todos os games da série) e como um personagem fictício é reconhecido como real no decorrer da narrativa do game, citando o vilão do game Sephiroth.

– O conceito de caractere tridimensional na formação das personagens nos games e metaverso – Fabio Musarra e Prof. Luís Carlos Petry.

Neste trabalho, os pesquisadores focaram na construção do personagem 3D.  Estes, antes de agregadas suas características específicas, não poderiam ser denominados “personagens” até sua adequação á narrativa e características circundantes desta. É necessário uma referência e a contextualização para que possamos caracterizar este elemento como um verdadeiro personagem deste game.

– Don´t Let Me Down, Reflexões sobre os Jogos Musicais pós Guitar Hero- Prof. Andre Pase e Prof. Roberto Tietzmann

Os professores da PUCRS, (meus professores, por sinal) fizeram um apanhado e uma comparação apontando alguns elementos que propiciaram ao game RockBand um sucesso que ultrapassou a repercussão de seu antecessor, o GuitarHero. Ao trazer os aspectos visuais e musicais já acumulados durante os anos, o RockBand criou uma identificação muito grande com os fãs, não somente fãs de games em geral, como também fãs de música. Citam nestes elementos os instrumentos musicais utilizados, como as guitarras (que no GuitarHero eram personalizadas como controles do jogo, e no RockBand são guitarras de verdade, muito semelhantes aos instrumentos utilizados pelos guitarristas de bandas famosas), e coletâneas de músicas de artistas famosos, como Beatles. O material completo (artigo + lâminas) dessa apresentação foi disponibilizado em http://gamepad.rtietz.com/

 Socialização no coffee break e palestras sobre o mercado dos games

Finalizando a apresentação dos trabalhos de GT do dia, fomos ao coffee break. Vale lembrar deste momento também, não só pelas comidas gostosas, como pelas conversas descontraídas e os contatos que fizemos durante elas. Pessoas que considero muito importantes, como Sonia Luyten, se mostraram muito acessíveis e simpáticas, gostei bastante das pessoas que conheci =).

Voltando as palestras, Augusto Bullow, da empresa invent4, fez um apanhado sobre a produção e distribuição de jogos no exterior. Mapeou e apontou diferenças, prós e contras de distribuição de jogos online e distribuição em caixas/embalagens. Alguns pontos de comparação bastante discutidos foram a velocidade com que essa distribuição é feita (muito mais rápida pela internet do que por meios físicos);  a rapidez de pirataria, custos de publicação e investimentos na produção. Elementos que devem ser muito bem pensados na hora de produzir um game, levando em consideração seu estilo de jogabilidade (exemplo: jogos casuais são mais lucrativos se forem vendidos pela internet), evitando perdas excessivas de dinheiro. Ele fez um apanhado breve sobre o grande investimento que é preciso para estes jogos e a dificuldade do produtor brasileiro por causa dos altos impostos e falta de incentivo do governo.

Na ultima palestra que assisti sexta, Mário Verdi, Presidente da ApDesign, discutiu o papel do game designer na construção de um game. Enfatizou que cada processo de produção precisa ser bem pensado, como em uma planta baixa, dividindo as tarefas para obter melhores resultados no final. Salientou a importância da inovação, não necessariamente uma inovação tecnológica, mas sim uma inovação que prenda o expectador ao jogo. Um bom design (e aqui não falamos apenas das características visuais do game, mas também todo seu funcionamento) vende o jogo. Citou exemplos em que estas inovações são e também quando não são bem vindas.

Por: Lívia Fonseca

Fotos: Rafael Krambeck

Fandom: a gift culture

A partir desse mês, o blog conta com algumas colaborações especiais sempre que houver demanda. E já começamos em alto nível com uma temática central nas pesquisas que tenho desenvolvido: a cultura dos fãs. Minha orientanda de Mestrado, Camila Monteiro (jovem pesquisadora que desenvolveu Iniciação Científica e o seu TCC na UCPel sobre cyberfandoms) , @camisfm, esteve presente na discussão sobre fandoms com Nancy Baym, ocorrida no dia 18 de maio no Oi Futuro, Rio de Janeiro. Confiram ai:

Vamos falar de coisa boa? Vamos falar da abertura do OiCabeça que aconteceu na última quarta-feira. Nancy Baym, Mauricio Motta e Pedro Carvalho, juntos, discutiram sobre o universo dos fãs. Nancy abordou o possível fim da era dos críticos, e consequente ascensão dos fãs, Maurício focou no valor desses fãs e Pedro contou sua experiência com a cultura pop japonesa.

Mauricio, fã/discípulo de Henry Jenkins – ele escreveu o prefácio de Cultura da Convergência na edição brasileira – começou a discussão abordando o valor do fã. Ele, que trabalha nos Alquimistas, cujo foco é justamente “contar histórias” (storytelling) em plataformas transmidiáticas, ressaltou a importância do que ele chama de “fandom drivers”, incluindo a análise das práticas desses fãs, combinadas com gerenciamento e estudos aprofundados sobre os grupos. A fórmula dos alquimistas seria: histórias + fãs + plataforma + marca.

Para o “alquimista”, qualquer um pode ser fã, mas algumas pessoas tem disposição fanática (alou Adri). Ele ainda lembrou a importância do consumo coletivo, da criação de comunidades e aproximação entre fãs. Esses fãs utilizam a cultura popular para criar uma identidade, construir sua individualidade.

Por fim, Maurício frisou que ser fã não é consumir individualmente, ou seja, não basta consumir, temos que dividir o pão. Além disso, ele fez uma propaganda básica do livro novo do Jenkins com o Burgess – aquele do livro do youtube – que deve ser lançado ainda esse ano, cujo tema será a viralização (spreadability). E também falou do livro de Ana Domb, Tacky and Proud: Brazil’s tecnobrega audiences (fiquei extremamente curiosa para ler esse trabalho).

Finalizada a explanação de Mota, que contou com uma série de slides diferentes e a apresentação de um vídeo mashup de Tropa de Elite combinado com algumas noções/gozações da cultura da convergência, Baym começou sua fala, um tanto envergonhada com os slides “sem graça” que iria apresentar – palavras da própria.

Muito simpática – a cara da Bjork – Nancy abriu a palestra com a pergunta: estaríamos vivendo o fim da era dos críticos e o inicio da ascensão dos fãs?

A autora iniciou a discussão com uma espécie de linha do tempo/esquema sobre como funcionava a disseminação de conteúdo antigamente: os gênios – insira aqui Dickens, exemplo utilizado pela autora – produziam em silêncio, praticamente reclusos; a mídia disseminava esses trabalhos, divulgando para um grande número de pessoas; os críticos falavam aquilo que tínhamos que ver, são ouvidos e olhos para nos guiar e por fim a audiência, tida como solitária, única e exclusivamente consumidora.

Felizmente, isso mudou, e muito nas últimas décadas. Nancy ressalta que a audiência sempre foi social, não somente os fandoms, e que a mídia é que teve dificuldade de enxergar essa dinâmica. Essa interação entre fãs não é nova, sempre existiu, mas só agora está chamando atenção dos grandes conglomerados midiáticos.

Baym no decorrer de toda palestra lembrou que a peça-chave para o entendimento dessa cultura dos fãs é a relação estabelecida entre cada individuo do grupo. Ser fã é se relacionar com o outro, muito mais do que apenas gostar de uma banda, de um seriado ou de um filme. Nancy considera a cultura dos fãs, uma “gift culture”, onde a troca é crucial para a construção de amizades, a base desses grupos.

Assim, ela citou cinco valores dos fãs que traduzem o engajamento desses grupos:

  1. Informação
  2. Troca de bens (troca social)
  3. Emoção
  4. Interpretação
  5. Criatividade

A autora ainda reiterou que sentir as emoções junto com outros fãs é o que realmente importa e comentou sobre um trabalho de campo que fez com uma comunidade de fãs americana de uma banda independente, que combinou de se reunir em um show, com identificações, e que apesar de a banda ter sido o elo do grupo, ficou em segundo plano, pois as amizades haviam se consolidado e o que as fãs mais queriam era se conhecer pessoalmente e trocar informações umas com as outras.

Baym fez questão de salientar a importância da mídia – cada vez mais diversificada – em dar voz a esses grupos, facilitando os processos interacionais. Ela cita a comunicação entre fãs de países diferentes, antes improvável e agora cada vez mais comum, a oportunidade de novos fluxos globais de informação, o contato direto com os famosos, permitindo conversações entre fãs/ídolos, e minando um pouco o lado inatingível dessas pessoas e a infraestrutura oferecida por fóruns, blogs, wikis, que são facilmente modificadas, permitindo que pessoas com pouco conhecimento dessas ferramentas, possam utiliza-las sem maiores problemas.

Finalizando sua fala, Nancy expôs que os fãs acabam se tornando uma espécie de curadores de conteúdo, ameaçando a função dos críticos. No entanto a autora não acredita no fim da era dos críticos profissionais. Ela ressaltou que os meios de comunicação de massa tradicionais como televisão e rádio, continuam atingindo um maior número de pessoas, e sendo importante referência de sucesso –  Burgess, autor que eu falei lá no inicio, do livro do youtube e do Jenkins, fala sobre a importância de ingressar na mídia tradicional. Uma banda por mais independente que seja, só é considerada mundialmente famosa, quando emplaca singles em rádios, videoclipes na tv, capa de revista, tornando-se mainstream.

Enquanto isso, os fãs criam fanfics, fanarts, wikis, mashups de vídeos, e uma série de outros materiais próprios, apropriados, reinventados, reconstruídos, descontruídos, remediados, etc..

Assim, Nancy Baym, extremamente simpática e piadista – enquanto o youtube travava, ela nos entretia – finalizou a apresentação de suas ideias, com três perguntas: a) Como vai ser a relação entre esses grupos de fãs? B) Como combinar os críticos “velhos” com os fãs? C) Como a economia de consumo/market economy vai coexistir com a economia de troca/gift economy? Como proposta inicial para pensar nessas perguntas, a autora acredita que um balanço entre audiência, fãs e críticos deve ser discutido com mais profundidade, mas que isso é só o começo..

Por Camila Monteiro