Uma semana e tanto

À medida em que o semestre avança, o volume de trabalho aumenta consideravelmente. Mas não vou falar do excesso de coisas por fazer para não soar nem pedante nem workaholic muito menos chata. Nesse domingo, eu gostaria apenas de compartilhar algumas boas notícias que recebi ao longo da semana e que estando ou não diretamente ligadas ao meu trabalho, dão gás para iniciar uma nova semana efetivando projetos e tarefas em andamento.

# 24 SET Universitário – Semestre passado tive uma turma muito bacana da disciplina de Jornalismo Online I na graduação. Ao longo das segundas-feiras do semestre compartilhamos conteúdo, trocamos ideias, debatemos conceitos teóricos e tentamos experimentar algumas práticas de apropriação de plataformas de redes sociais pelo jornalismo digital. Ao final do semestre, cada grupo desenvolveu um projeto tendo como produto  um audiovisual de conteúdo informativo desenvolvido especialmente para consumo na web e que fizesse interface com uma linguagem mais voltada ao entretenimento aplicando os conceitos vistos ao longo do semestre. Poderia ser uma espécie de videolog, mini-documentário, entrevistas, reportagens, etc, desde que se pensasse em uma linguagem que tivesse a dinâmica da web e que atingisse o público-alvo solicitado: jovens estudantes universitários, ou seja, “eles deveriam falar para eles mesmos”.

O segundo ponto é que o produto-piloto deveria estar integrado e disseminado através de outras plataformas, ou seja, o audiovisual não se encerraria nele mesmo, mas sim estaria dentro de um blog/tumblr relacionado ao twitter, facebook, etc. O desafio do trabalho final era esse, alguns grupos se saíram muito bem, outros tentaram, mas utilizamos os próprios erros para tentar entender o que faltou na lógica da rede. A própria discussão/apresentação dos grupos deveria ser twittada no dia da aula e comentada pelos colegas dos outros grupos. Foi uma atividade da qual eu fiquei particularmente feliz, apesar da trabalheira toda e ainda acho que preciso deixá-la mais redonda (o que estou fazendo), pois foi mesmo um processo de aprendizagem, em construção. Ao final do semestre eu conversei com os grupos e indiquei que seria interessante que os trabalhos fossem inscritos em premiações como o 24 SET Universitário da FAMECOS/PUCRS (tradicional evento de premiação de trabalhos feitos em aula aqui na região sul) e o Intercom, por exemplo.

E, eis que na quarta-feira, houve a cerimônia de premiação e a aluna Lorena Risse nos informa que o trabalho Dramas Universitários fora premiado na categoria Audiovisual Experimental (infelizmente não havia a categoria audiovisual para web) do 24 Set Universitário. Fiquei muito feliz pela gurizada (Lorena Risse, André Seewald e Luis Fernando Vieira). Confiram ai o trabalho:

A revista Primeira Impressão, também produzida pelos alunos da Unisinos, levou vários prêmios, todos merecidos sobretudo pela qualidade gráfica/editorial da revista. A lista completa dos premiados está no link.

# Métodos de Pesquisa para Internet chega à 2a edição – Outra notícia bacana que recebi, é que passados apenas sete meses do lançamento, o livro Métodos de Pesquisa para Internet escrito a seis mãos – entre eu, Raquel Recuero e Suely Fragoso – está finalizando sua primeira edição – a tiragem foi de 1.500 exemplares –  e, em breve já teremos o lançamento da segunda edição (revisada e ampliada) pela editora Sulina, de Porto Alegre. Esse livro consumiu mais de 2 anos e meio de trabalho colaborativo em meio a um monte de mudanças na vida das três (mudanças de emprego, de cidade e até o nascimento da Emilia, filha da Raquel). Assim, ficamos muito feliz que esse trabalho com uma temática  dura esteja tendo essa grande acolhida não só na área da comunicação, mas também em outras áreas como lingüística, educação e ciências sociais – indico essas pois são as áreas das quais recebi feedbacks generosos de alguns colegas. No momento, estamos trabalhando na revisão e ampliação de algumas coisas, tentando melhorar essa segunda edição. Obrigada a todos que apostaram nesse trabalho, sobretudo o editor Luis Gomes da Sulina e os colegas Simone de Sá e Alexander Halavais.

#VNV Nation lança o álbum Automatic – E, como não poderia faltar a música aqui nessas boas novas, foi lançado nessa semana a versão digital (a versão em CD só sai em outubro) do álbum Automatic, da dupla germânico-irlandesa de synthpop/futurepop VNV Nation. Esse álbum tem como tema central as tecnologias retrofuturistas dos anos 30 e sua repercussão na sociedade. A vibe dieselpunk pegou forte aqui 😉 Romântico, melódico e nostálgico como sempre, o VNV Nation fez um álbum impecável (achei muito melhor que os dois anteriores) na produção. Há algumas semanas eles já haviam disponibilizado gratuitamente para streaming e download a faixa de trabalho Control:

Faixas do álbum Automatic:

1. On Air

2. Space & Time

3. Resolution

4. Control

5. Goodbye 20th Century

6. Streamline

7. Gratitude

8. Nova

9. Photon

10.Radio

Como vocês podem perceber, tive uma semana e tanto. Um bom domingo a todos e que venha a próxima!

It’s just another lonely Sunday

Há um belo domingo frio e ensolarado lá fora. Meu dia está repleto de visitas, animação e nada solitário, mas o mais recente vídeo do Hurts, Sunday, domina a minha playlist mostrando que há muito mais vida na música pop para além das “bizarrices estrambólicas histéricas” e chupadas de várias referências de Lady Gaga e da hipponguice marketeira de bandinhas virais.

O synthpop, esse gênero clássico e já bem antigo (tem pelo menos a minha idade hehe), ainda pode ter muito a dizer sonora e visualmente. Os ingleses do Hurts,  Theo Hutchcraft e Adam Anderson trazem mais um video/single do belo álbum Happiness – lançado no ano passado. Todas as músicas são ótimas e tem até a participação da diva Kylie – , mostrando que o formato canção rende e acrescenta, apesar da desconstrução polifônica de gêneros extremos como o noise.  Melódica, romântica e um tanto melancólica, Sunday não abusa dos efeitos digitais (autotune et al) que têm dominado a música pop e aposta no conforto sonoro, na estrutura orquestrada em crescimento dos synths e nos vocais caprichadamente bem produzidos. O visual minimalista p&b (terninhos luosho e cabelos impecáveis) de Theo e Adam colabora incorporando a tradição e o ar novo à retrô music da dupla, herdeira do que há de melhor no synth britânico (Depeche Mode, Duran Duran e cia ltda).

Não há apelação nem excessos, tudo no seu lugar, apenas um bom vídeo que não tem pretensões de guerrilha viral e que cumpre eficientemente a narrativa amorosa – uma boa música de amor ainda faz sentido- e estética da canção. É simples? É Não tem nada demais? Não. Mas no meu humilde entendimento é exatamente o que falta em boa parte do pop atual: uma  simples e bela canção que gruda no ouvido sem ser “over”e pretensiosa ou “super-produzida” com os efeitinhos tecnológicos da moda. Um vídeo esteticamente agradável que traz de volta o romatismo pós-punk oitentista (o cantor que faz o papel de protagonista e o synthplayer beirando a sisudez de um quase figurante no video) mas dialoga com a atualidade dessa década.O synthpop inglês e suas duplas (Yazoo, Erasure, Pet Shop Boys, Bronsky Beat, etc), esse quase quarentão, ainda tem o que nos dizer e ainda me emociona como se eu estivesse em 89 escrevendo no meu diário e não nesse blog público em que trato das minhas pesquisas.

A música sempre salva!

Um bom e nada lonely sunday a todos!

Sunday

There are times when we question the things we know
Never thought to the cracks will begin to show
We both know love is not that easy
I wish I know that if would be this love
To be alone. Please, Come home!

Loveless nights, they seem so long
I know that I’ll hold you someday
But ‘till you come back where you belong
It’s just another lonely Sunday.

Is this the end of the love that has just began?
I always hope that the best it was yet to come.
So please, come back, don’t you leave me
We both so young, I know you need me too.
And it’ll allways be times like this.

Loveless nights, they seem so long
I know that I’ll hold you someday
But ‘till you come back where you belong
It’s just another lonely Sunday.

Maybe we’ll see that we were wrong
If ever we look back one day
But ‘till you come back where you belong
It’s just another lonely Sunday.

Lonely, lonely.

If you don’t come back tomorrow
I’ll be left jere in the cold
If you don’t come back tomorrow, I’ll cold

Loveless nights, they seem so long
I know that I’ll hold you someday
But ‘till you come back where you belong
It’s just another lonely Sunday.

Maybe we’ll see that we were wrong
If ever we look back one day
But ‘till you come back where you belong
It’s just another lonely Sunday.
Lonely, lonely.

Lonely, lonely.

Short Circuit – Festival de Eletrônica

Na sexta 13/5 e no sábado 14/5 o selo britânico Mute Records promoveu um evento em Londres (onde mais meus filhos, onde mais?) chamado Short CircuitA Festival of Electronica. O festival celebrava as produções do selo e a cultura eletrônica,  misturando gente muito conhecida do casting do selo com produções e artistas atuais. Acompanhei via twitter através da hashtag #mutesc. Admiro muito o posicionamento e os artistas da Mute e, entre eles estavam no encontro, Nitzer Ebb, Moby, T. Raumschmiere, Richie Hawtin, Erasure, Riyuch Sakamoto, Laibach, Martin Gore e Dave Gahan (Depeche Mode), Recoil, entre outros. Além dos shows também rolavam palestras, bate-papos, exposições de filmes e instalações sonoras. Quem conhece um pouco de eletrônico alternativo ou pós-punk oitentista sabe a importância que esse selo tem por ter revelado gente do calibre do Depeche Mode e estilos como o #synthpop e o #post-rock. A cobertura da @sidelinemag e de selos como o Syndrom Records expuseram muito bem o que estava rolando no festival. Para quem quer compreender melhor sobre a importância desse selo no contexto inglês e para a úsica eletrônica mundial, recomendo ver o documentário SynthBritannia.

Taí algo que certamente não teria espaço no BR, cuja dificuldade atávica em lidar com cenas/nichos que não sejam  ligados a um certo “hipponguismo de raíz”  ou a “um banquinho e um violão” é pública e notória.

Finalizo meu post com três perfomances que marcaram o festival:

1) Momento Reach out and touch faith. A jam entre o Recoil e Douglas McCarthy (Nitzer Ebb) “desconstruindo” o clássico Personal Jesus

2) Momento #iloveoldsynth com Vince Clarke (Erasure) + a diva Alison Moynet cantando o clássico Nobody’s diary do Yazoo

3) Para fechar o som #industrial esloveno do Laibach com WarmLeatherette – imperdível

Por um domingo mais musical

Final de semana de muito trabalho e um almoço super #phynno com os amigos no sabadão porque ninguém é de ferro. Em breve terão textos e livro novo saindo do prelo (espero). Por enquanto, desejo a todos um final de domingo com mais música. Adicionem ai um bom vinho também. Estou completamente viciada no duo britânico de synthpop Hurts (formada pelo vocalista Theo Hutchcraf e pelo synthplayer Adam Anderson) que com o álbum de estréia Happiness está arrebentando nas paradas européias – opa fazia tempo que eu não exercitava os clichês do jornalismo musical hahaha. Dia desses postei aqui o vídeo super luxuoso e retrô de “Better than love”. Mas a canção que tenho ouvido direto é Silver Lining, completamente épica, emocionante e linda. Letra e melodia de arrepiar. Boa semana a todos!

There’s a storm on the streets, but you still don’t go
Watching and waiting for the rain to come.
And these words wouldn’t keep you dry
Or wipe tears from an open sky,
But I know, but I know, but I know I’m right.

And I won’t let you drown, when the water’s pulling you in
I’ll keep fighting, I’ll keep fighting.
The rain’s going to follow you wherever you go.
The clouds go black and the thunder rolls
And I see lightning, and I see lightning.

When the World surrounds you, I’ll make it go away
Paint the sky with silver lining.
I will try to save you, cover up the grey
With silver lining
.

Now there’s no way back from the things you’ve done
I know it’s too late to stop the setting sun.
You see the shadows in the distant light,

And it’s never going to be alright
And you know, and you know, and you know I’m right.

And I won’t get left behind, when the walls come tumbling in
I’ll keep climbing, I’ll keep climbing
The rain’s going to follow you wherever you go.
The clouds go black and the thunder rolls
And I see lightning, and I see lightning.

When the World surrounds you, I’ll make it go away
Paint the sky with silver lining
I will try to save you, cover up the grey
With silver lining. (x2)

Silver, silver, silver, silver, silver, silver lining,
Deep blue sky, deep blue sky.

Synth Feriado

Vim passar o feriado de 20 de setembro em Curitiba, então o blog vai entrar num ritmo mais lento de postagem. Enquanto isso, curtam uma música que ouvi bastante durante essa semana: Heart Shaped Tumor do De/Vision, uma bela canção do início da década (2001) e que está no álbum Two.

I suffer from a tumor
here inside my chest
I gotta lay to rest
a strange kind of humor
the grin on your face
soon leaves without a trace
now I’m out of love
no one can fill this heart of mine
I ran out of love now
I’m out of

put an end to yourself
and you’ll be closer
closer

the world is
but a tumor
the cold light of day
won’t turn the night away
humanity’s a rumor
unless my soul reacts
the whole world my collapse
now I’m out of love
no one can heal this heart of mine
I’ve run out of love
now I’m out of

Bom feriado a todos, vou aproveitar para descansar e curtir um bom e velho synthpop 🙂

Lembram quando produzir música com sintetizadores causava polêmica? Lembram quando Trent Reznor fazia synthpop?

Lembram de quando ícones da MPB fizeram passeata contra a inserção da guitarra na música brasileira nos anos 60? Bom, eu também não pois só sei isso pelos livros de história, mas tem um segundo episódio que esse sim eu posso dizer que vivenciei. Lembram nos anos 80 quando os “roqueiros” e outros músicos protestavam contra inclusão dos sintetizadores, sequenciadores e equipamentos eletrônicos na música? Pois é, em 1985 utilizar sons digitais e/ou misturá-los aos analógicos na produção musical pop ainda causava controvérsias e polêmicas a respeito de uma suposta “humanidade” implícita ao ato criativo que supostamente seria suprimida por instrumentos eletrônicos.

Imaginar que mais de 20 anos depois seria praticamente impensável a produção musical sem passar por alguma espécie de digitalização ou tecnologia de síntese faz com que tenhamos que relembrar essa história recente e observar os discursos da mídia em um período em que isso não era comum. Graças ao @lammel hoje pude fazer um breve exercício de arqueologia dos gêneros musicais e ainda rir muito, pois ele postou no Twitter o vídeo abaixo, uma matéria de um telejornal de 1985, da TV local de Cleveland, terra de Trent Reznor, um dos entrevistados dessa matéria (onde ele aparece bem novinho tocando um synthpop/technopop bem depechemodiano no duo Exotic Birds) sobre projetos musicais que utilizavam instrumentos eletrônicos. Sim, o nerdzão Thomas Dolby também aparece e afirma que instrumentos eletrônicos são instrumentos como qualquer outro. Muito bom para pensar historicamente a construção dos gêneros musicais e o jornalismo de música como mediador discursivo das transformações e inovações tecnológicas.

PS: O cabelo de Trent e o fato de que ele abriu para o Culture Club soam hilários se pensarmos em toda a estética soturna cultivada pelo NIN nos anos 90. Muito engraçado!

“Oo-ooh i got a rocket”

E o álbum mais recente do Goldfrapp, Head First não sai tão cedo do meu mp3player: ouço em casa, trabalho, ouço na academia é uma de-lí-cia! Doses cavalares de synth, Georgio Moroder, Olivia Newton John, italo-disco e glam rock, entre outras influências. Essa é a receita do duo britânico formado por Alison Goldfrap (diva!) e Will Gregory. O que é essa estética fluorescente oitentista e as coreôs – reparem os collants (bodys) super stylish – nesse vídeo de Rocket ? Mais uma vez o clipe está muito legal num clima sci-fi num planeta distante setentista psicodélico.

Em breve (assim que terminar um artigo e um capítulo),  vou escrever uma resenha sobre esse álbum para a versão impressa do Overclockzine. Por hora, uma boa quarta-feira a todos!

starting something, thought it could be fun
i started something, couldn’t go wrong

danger, heartache, i’d always knew
there’s no winner, in this game you lose

but i still wanna know how she got in the door uninvited

oo-ooh i got a rocket
oo-ooh you’re going on it
oo-ooh you’re never coming back