Call for Papers: Neo-Victorian Cultures: The Victorians Today

Neo-Victorian Cultures: The Victorians Today
24-26 July 2013

Liverpool John Moores University

Keynote Speakers:

Dr. Helen Davies (Teesside University)

Prof. Margaret Stetz (University of Delaware)

A. N. Wilson (Author of The Victorians and The Potter’s Hand)

While aesthetic, political and artistic returns to the Victorians have been prevalent throughout the twentieth century, the last decade has seen a particular surge in scholarly work addressing the seemingly ever continuing desire to reassess and adapt Victorian texts, theories, ideas and customs. This work has focused in particular on manifestations of the neo-Victorian on page and on screen, and this conference seeks to build on but also expand these debates by bringing together writers, practitioners and researchers working on the lasting presence of the Victorians since 1901 in a wide variety of realms, ranging from art and architecture to science, politics, economics, fiction and film. In doing so, the event aims to further expand the vibrant field neo-Victorian studies both within and beyond the arts and humanities through an examination of the Victorians’ continuing influence on twentieth and twenty-first century culture. We therefore welcome and encourage abstracts from postgraduate students, academics and independent researchers from all academic realms in the hope of capturing the diverse work being done on Victorian afterlives across a wide spectrum of disciplines and across traditional disciplinary boundaries.

Topics may include, but are by no means limited to, the following:

* the ethics, politics and aesthetics of adaptation

* neo-Victorian politics, economies and economics

* neo-Victorianism on page, screen and canvas

* neo-Victorian subcultures

* the Victorians in contemporary architecture, art and design

* neo-Victorian journalism/ the Victorian press and contemporary journalism

* the Victorians in contemporary science and medicine

* the neo-Victorian canon

* teaching neo-Victorianism

* the neo-Victorian marketplace; marketing the (neo-)Victorians

* Steampunk

Presentations should take the form of 20-minute papers. We also welcome proposals for fully-formed panels or roundtables. For individual papers, please submit a 300-word abstract as well as a short biographical note. For panel and roundtable proposals, please provide a brief outline of the session’s aims together with abstracts and biographical notes for each speaker and for the proposed panel chair or discussant. All proposals should be emailed to the organizers at organisers@neovictoriancultures.org.uk<mailto:organisers@neovictoriancultures.org.uk> no later than 1 March 2013. Please do not hesitate to email us if you have any questions about the event. You can follow us on Twitter (@Neo_Vic_Cult), find more info at http://www.neovictoriancultures.org.uk/, and join us on Facebook (http://www.facebook.com/NeoVictorianCultures).

We look forward to receiving your proposals and hope to welcome you to LJMU in July!

The Organisers

Nadine Muller, Lucinda Matthews-Jones, Jonathan Cranfield

Práticas de consumo subcultural nos sites de redes sociais

Em minhas pesquisas sobre as relações entre subculturas, fandoms e as tecnologias de comunicação, uma das questões que tem me chamado atenção diz respeito às possibilidades de construção de determinados estilos de vida, performatização e fruição de objetos e práticas culturais através das plataformas digitais. Tenho estudado especialmente os grupos relacionados à música, sejam eles fãs de gêneros musicais mais  midiaticamente populares – como é o caso dos fãs de happy rock que pesquisei juntamente com João Pedro Amaral e agora também com a Camila Monteiro e/ou participantes de cenas mais de nicho, como o electro-industrial – que estudo desde minha tese de doutorado, o steampunk, o witch-house, entre outros .

São vários os elementos que estão em jogo nesse cenário, muitos deles continuam os mesmos: a moda, a performance, os aspectos da experiência emocional, as trocas simbólicas e o capital subcultural; no entanto, muitas vezes se remediam, se replicam, viralizam e se representam de forma distinta ao que acontecia em tempos pré-internet, por exemplo. Um dos elementos mais importantes para a compreensão de uma subcultura é, sem dúvida, através de suas práticas de consumo. Peter Burke (2008) comenta que o consumo, a moda, a cultura e o estilo de vida dentro desses grupos encontram-se relacionados de forma inseparável e, portanto não há como analisá-los sem refletir sobre esse amálgama. A materialidade dos objetos adquiridos e a utilização dos mesmos dentro de uma determinada cena se torna também  item de disputas simbólicas e de negociação identitária, determinando hierarquias e acesso ao capital subcultural  (Thornton, 1995); assim como a manutenção do estilo “cobra seus custos”  também na representação de gêneros, ora na predominância de aspectos masculinos nas subculturas como afirmavam os pesquisadores da década de 80 como Brake (1980); ora nas estratégias de hiperfeminilidade de outras, conforme nos indica Brill (2008). É preciso lembrar a noção de capital subcultural proposta por Thornton (1995):  “uma marca de distinção que pode ser objetificada (através das roupas ou coleções de discos por exemplo) ou corporificada (através do conhecimento subcultural e do quão “legal”- cool – é um indivíduo da cena) conferindo status ao seu proprietário”.  Essa definição nos remete novamente à questão dos objetos materiais e imateriais (falarei aqui mais especificamente da moda e do visual) bem como a sua corporificação, que eu compreendo através da performatização (das coreografias, do modo de vestir por exemplo) e do conhecimento de determinadas estratégias, códigos e informações “privilegiadas”  que garantem os indicativos de apreciação daquele indivíduo pelos outros membros do grupo. Mais adiante – em um trabalho que está em andamento – tratarei de forma mais aprofundada essa noção.

Com a popularização da internet e de outras tecnologias de comunicação, de que maneira essas práticas de consumo subcultural são reconfiguradas e adaptadas de acordo com os diferentes ambientes e plataformas digitais?

São muito os tipos de apropriações,  desde as coletivas e que incluem intensa mobilização inclusive offline como flashmobs, lipdubs e usos de hashtags no Twitter, estudadas como práticas de fansourcing em um artigo anterior (2010) até utilizações mais individuais.

Foto das cartela de cores para tingimento de jeans da rede de lavanderias Restaura Jeans

No caso de um gênero mais pop como o “happy rock”, em um estudo recente (Amaral & Amaral, 2011) observamos basicamente quatro tipos de performances de engajamento dos participantes dessa cena no Twitter, Facebook e You Tube a partir de uma adaptação da Teoria Fundamentada como método para estudos de internet (Fragoso, Recuero e Amaral, 2011):

1) Performance identitária, ou como os artistas desse gênero representam sua identidade nessas plataformas. As referências, citações e menções à própria internet ou a sites de redes sociais se destacaram no discurso identitário dos participantes;

2) Performance de demonstração afetiva/sentimental. É aquela centrada no relacionamento afetivo, nas emoções e experiências entre os participantes;

3) Performance solidária. É da ordem da convocação ao engajamento e à participação, visando a interação entre os membros;

4) Performance de crítica musical. Aquela que remedia a crítica, tomando para si esse papel através de comentários sobre shows, canções, etc. É uma prática cultural que atrai disputas e até manifestações de repúdio em determinadas situações.

Um dado interessante que emergiu da pesquisa exploratória – que se encontra em andamento – sobre os usos das hashtags pelos fãs do happy rock, desenvolvida por mim e pela Camila Monteiro, é o fato de que na maior parte das disputas e conflitos sobre esse gênero musical, boa parte dos elementos semânticos e simbólicos  utilizados como ofensa aos grupos de fãs são extra-musicais. Destacam-se essencialmente as roupas e o modo de vestí-las, a sexualidade e o gênero (masculino/feminino), a afetividade e as diferentes modulações de linguagem (Baym, 2010), como as gírias, emoticons e outros tipos de adaptações da escrita, como no exemplo do S2.

E no caso específico das práticas relacionadas à moda, como as subculturas têm se apropriado das plataformas digitais?

Ainda estou levantando dados sobre essa questão, visto que o fator “modo de vestir” aparece de forma significativa tanto na literatura sobre o tema subculturas como parte essencial do modo de consumo e também pelos dados empíricos. Percebe-se também que essa relação tanto pode ser observada nos modos de performatizar e negociar a identidade e o acesso e ganho de capital subcultural;  como estar atrelado a estratégias mercadológicas detectadas por coolhunters e agências de pesquisa a partir do destaque de determinadas tendências, como é o caso do steampunk, por exemplo, cada vez mais citado em editoriais de revistas de moda. Por um lado, amplifica-se e populariza-se o consumo (é mais fácil encontrar roupas para cosplay por exemplo no caso das gothic lolitas e outros subgrupos) e a produção de objetos customizados por exemplo, via tutoriais vastamente encontrados no You Tube. Por outro, essa mesma espontaneidade que emerge dos participantes é domesticada a uma lógica de mercado ancorada na personalização e na segmentação em nichos que pode até ser acessada  através do integrante X ou Y que alcança uma determinada reputação ou da emergência do tema.

Um exemplo interessante foram esses tutoriais de maquiagem produzidos por uma maquiadora irlandesa que demonstra um pouco dos códigos da make up cybergótica e steampunk/neo-vitoriana:

Algumas referências:

AMARAL, A., AMARAL J.P.(2011) “S2, S2”. Afetividade, identidade e mobilização nas estratégias de engajamento dos fãs através das mídias sociais pelo Happy Rock gaúcho.In: HERSCHMANN, M. (org). Comunicação, Indústria da Música e Desenvolvimento Local sustentável, 2011. (Título Provisório). No Prelo.

AMARAL, A. (2010) Práticas de Fansourcing. Estratégias de mobilização e curadoria musical nas plataformas musicais. In: SÁ, Simone (org). Rumos da cultura da música. Porto Alegre: Ed. Sulina.

AMARAL, A., MONTEIRO, C. (2011) Brazilian “Happy Rock Family”. Cyberfandom, mainstream musical genre or a pre-teenager post-subculture? No prelo.

BAYM, N. (2010). Personal connections in the digital age. Cambridge: Polity Press.

BRILL, D. (2008) Goth culture. Gender, sexuality and style. Oxford: Berg, 2008.

BRAKE, B.  (1980) The sociology of youth culture and youth subcultures. London: Rouledge.

BURKE, P. (2008). Modernidade, cultura e estilos de vida. In: BUENO, M.L., CAMARGO, L. Cultura e consumo. Estilos de vida na contemporaneidade. SP: Editora Senac.

FRAGOSO, S., RECUERO, R., AMARAL, A. (2011).  Métodos de Pesquisa para Internet. Porto Alegre, Editora Sulina.

THORNTON, S. (1995) Club cultures: music, media and subcultural capital. Connecticut: Wesleyan University Press.

Por que steampunk é tendência? Palestra sobre Steampunk no curso de Coolhunting em Curitiba

Quer saber por que os corsets viraram hype na moda? Por que grupos de pessoas se reúnem para fazer picnics vitorianos em várias capitais do mundo? Ou por que raios a nostalgia do passado se infiltra nas tendências do mercado? Mas, afinal o que é steampunk? Pois no dia 03 de maio às 19h30 vou apontar algumas possíveis respostas a essas e outras perguntas. É quando vou estrear como professora convidada do curso de CoolHunting e Pesquisa de Tendências da agência Berlin na Lemon School em Curitiba. O curso já está na terceira edição e acredito que vai ser uma experiência bem bacana, pois falarei sobre um tema que venho estudando desde 2002, o retrofuturismo e a estética steampunk. Meu enfoque será mostrar como um subgênero da ficção científica sai da literatura e transborda para as mais diversas mídias, a cultura, a moda, etc e como ele entrou em voga em tempos de sites de redes sociais e tecnologias. Para quem quer entender o comportamento dessa subcultura e como ela saiu do underground ao mainstream, espero indicar alguns caminhos. As inscrições estão abertas. Para mais informações basta acessar cursocoolhunting.com ou berlincool.com.br

Invisibilidades III – Alguns comentários

Conforme prometido meu resumo e breves comentários sobre o Invisibilidades III evento que ocorreu dias 21 e 22 de agosto no Itaú Cultural em São Paulo e reuniu pesquisadores, escritores, artistas, músicos, críticos, jornalistas em torno da temática da ficção-científica sob curadoria do Dom Corleone da sci-fi brazuca, Fábio Fernandes.

Sábado 21/8 – Mesa Fora do Eixo – a Produção de Ficção e Crítica Literária no Brasil que Você não Conhece com Alice Feldens, Arnaldo Mont’Alvão e Quelciane Marucci
mediação Edgar Nolasco

A mesa apresentou os resultados das pesquisas do núcleo de estudos em ficção contemporânea da UFMS e as dissertações em andamento ou defendidas sobre a crítica da FC brasileira. Destaque para a empolgante apresentação de Edgar Nolasco que falou sobre como abrir caminhos desviantes na pesquisa normalmente canônica da teoria literária e apontou a rede por ele iniciada com as orientações de FC e Fantasia.

Mesa 2 Quadrinhos Brasileiros: a Experiência no Exterior
com Daniel Pellizzari e Rafael Grampá
mediação Octavio Aragão

A segunda mesa do dia apresentou a dupla Pelizzari e Grampá que está produzindo a graphic novel Furry Water. Foi um bate-papo muito bem conduzido pela mediação de Octavio Aragão. Pelizzari enfatizou as diferenças entre roteiros de quadrinhos e escrita literária e alguns outros pontos com muito bom humor.

Palestra e apresentação com o artista Walmor Corrêa

Excelente apresentação de Walmor que apresentou seu trabalho irretocável de estranhamento borrando as fronteiras discursivas entre ciência e arte na criação de seres fantásticos, em especial a série sobre lendas e mitologias da tradição brasileira.

Domingo Mesa Ficção Científica e Estudos Culturais: Uma História Sem Fim
com Adriana Amaral e Cristiane Busato Smith
mediação Fábio Fernandes

Cris apresentou sua análise sobre elementos de Ficção Científica em Império do Sol de JG Ballard, apontando as questões de gênero entre novel e romance e as indefinições entre FC e autobiografia nessa obra a partir do conceito de Inner Space. Eu apresentei algumas hipóteses acerca da adoção do subgênero steampunk por uma geração mais nova e de como essa subcultura está calcada na questão da performance – a partir dos conceitos de engajamento do corpo de Paul Zumthor – em sua recepção. Pena que falamos tanto que acabamos sem tempo para as perguntas.

Abaixo, os dois materiais que apresentei. Primeiro o vídeo sobre a exposição steampunk no Museu de Oxford e depois meu ppt com os apontamentos.

Mesa 2 New Weird Fiction – Um Novo Estranhamento Literário
com Alexandre Mandarino, Nelson de Oliveira e Richard Diegues
mediação Jacques Barcia

A mesa começou com o esforço hercúleo de Jacques para resumir a questão do surgimento do subgênero New Weird dentro da fantasia, apontando a ruptura nas temáticas escapistas para uma ficção mais política e urbana. Na sequência, Nelson de Oliveira falou do seu trabalho como escritor e Richard Diegues da Tarja editorial falou um pouco sobre o mercado brasileiro. Por fim, Alexandre Mandarino também tratou de seus projetos, entre eles a revista Hypervoid e a tradução para o português de Perdido Street Station de China Mielville.

Para fechar, eu – saindo da zona de conforto de pesquisadora – e o Wandeclayt apresentamos uma pocket performance intitulada “You must unconditionally surrender” com material audiovisual e sonoro inspirado pela FC ou suas temáticas.

No geral o evento foi muito bem pensado, planejado e executado. As mesas e discussões foram de alto nível e o público estava qualificadíssimo e compareceu aos debates. Deu para trocar ideias, conversar, sem coisas fora do tom ou briguinhas de fandom. Acho que isso demonstra a maturidade e o crescimento dessa área no Brasil, além da super-curadoria do Fábio que reuniu diversidade, multiculturalismo e perspectivas distintas dando um sabor todo especial ao evento, que foi bem vanguardista em sua proposta. Por fim, foi ótimo reencontrar os amigos de sempre e conhecer outras pessoas que têm poucas oportunidades de se ver por estarem espalhadas por regiões diferentes do país. Agradeço também a Aline Naomi, o Caue e a Lidia Zuin que apareceram por lá. E que venha o Invisibilidades IV em 2012 antes do fim do mundo!

PS: foi excelente participar de uma mesa com a Cris Smith. Finalmente depois de termos sido colegas por tanto tempo agora que não somos mais conseguimos, yeah!

PS2: Aguardo as fotos do evento para postá-las

PS3: Bazinga!