Domingo com música

Na semana passada completei 6 meses morando novamente em Porto Alegre, passou tudo muito rápido. Tirando percalços incontornáveis e que só podem ser resolvidos internamente, as coisas vão indo para os seus lugares e ter voltado para cá fez com que eu retomasse hábitos saudáveis como cafés e debates presenciais com amigos, encontros com a família e desenvolvimento de projetos pessoais a médio e longo prazo. As férias acabaram e é tempo de planejamento. Dentro de alguns dias as aulas já estarão ai de novo junto com aquela roda viva de compromissos como reuniões, bancas, palestras, etc.

Enquanto isso não acontece, vale utilizar esse final de domingo para revisitar músicas que estavam um pouco “empoeiradas” ou melhor, escondidas nos arquivos do computador. Uma delas eu escutava direto em 2004 quando morava em Boston e era um clássico das pistas electrotrevosas. Nem parece que já faz tanto tempo (quase 7 anos) que eu vi esse show do Icon of Coil e que eu respirava o ar gélido e caminhava pelos bairros cinza e vermelho da Nova Inglaterra.

Bom final de domingo a todos

A mão do Diabo – Dean Vincent Carter

A mao do diaboA mão do diabo, primeiro romance de Dean Vincent Carter foi uma agradável surpresa para mim, que andava bem descrente do gênero terror (embora a Livraria Cultura tenha catalogado o livro como Infanto Juvenil). O livro foi lançado em 2006 mas só em 2010 ganhou uma tradução no Brasil pela editora Bertrand Brasil. Entre o suspense, a aventura e o horror, a narrativa se equilibra muito bem entre a mistura de lendas urbanas e entomologia a que o autor se propõe. O livro conta a aventura do jornalista inglês Ashley Reeves que vê na  carta do (até então desconhecido) Reginald C. Mather uma chance para conseguir uma pauta quente para a revista de divulgação científica na qual trabalha. Mather afirma ter consigo “O vermelho do Ganges”, exemplar raro de mosquito gigante e atrai Reeves para sua residência na soturna ilha de Aries a fim de dar uma entrevista sobre o assunto. Ao chegar na localidade, Reeves começa a perceber que coisas tão ou mais estranhas quanto os poderes da “Dama”(como Mathes faz questão de chamar o mosquito) acontecem na ilha. Confesso que li o livro em menos de um dia porque a curiosidade sobre o que iria acontecer no embate psicológico entre Reeves, Mathes a Dama e outros personagens que participam da narrativa era enorme. Ponto positivo para Carter que injetou sangue novo – com o perdão do clichê e do trocadilho infame em se tratando de um mosquito – em um gênero que muitas vezes se repete demais.[Atenção, SPOILERS] Achei a circularidade e viralidade da lenda, acrescida dos crimes praticados pelo psicopata uma boa solução para a narrativa. Claro tem todo um tom de referência um tanto  “A ilha do Dr. Moreau” mas o livro cumpre o que promete e causa um incômodo quase contínuo no leitor, seja pelas boas (e nojentas) descrições, seja pela sensação de medo que vai tomando conta de Reeves, que conta a estória a posteriori em primeira pessoa. Gostei bastante do estilo despojado mas incisivo do autor que após A mão do diabo (The hand of the Devil) já lançou mais dois livros: The Haunting Season e Bloodwater.

2010-2011 – Novidades aos 45 do segundo tempo

Esse ano não estou em clima para retrospectivas, como tenho feito há um bom tempo. 2010 foi por demais complexo e não conseguiria resumir meus sentimentos. Foi um dos piores anos da minha vida e ao mesmo tempo consegui uma das coisas que eu mais desejava (retornar a Porto Alegre). Profissionalmente foi um ano duro mas que trouxe suas recompensas: novo emprego, novo PPG, novos desafios, publicações, alunos, pareceres, orientações, etc. Pessoalmente foi um ano terrível de perdas. Perdas de sentido, de certezas, de seguranças, de pessoas. Mas não é o momento de falar sobre isso, pelo menos não ainda.

Provavelmente este será o meu último post de 2010, por isso vou falar um pouco sobre as últimas novidades de 2010 e do que estou preparando para 2011 em termos de pesquisa.

# Intercom Sul 2010 – Perspectivas da Pesquisa em Comunicação Digital é o título do e-book que organizei juntamente com a Maria Clara Aquino (UFRGS/ULBRA) e a Sandra Montardo (UNIVERSIDADE FEEVALE) com os textos apresentados no Intercom Sul na Feevale em maio de 2010 e que finalmente está saindo do prelo.  Recebi hoje o ISBN e a prova do copião. Na primeira semana de janeiro provavelmente já teremos o link para o download da obra. São 20 textos, pertencentes a 14 IES dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Acrescidos a isso temos um prefácio da Fátima Regis (UERJ) e uma introdução escrita pelas organizadoras.

# Métodos de Pesquisa para Internet – Por falar em publicações, em fevereiro será lançado pela Editora Sulina o livro “Métodos de Pesquisa para Internet” escrito por mim, Suely Fragoso (UFRGS) e Raquel Recuero (UCPEL). Esse livro levou quase dois anos para ser finalizado e, sinceramente foi um trabalho que apesar de complexo e demorado (escrever a 6 mãos não é nada fácil) está me deixando muito feliz pela superação de desafios implicados nesse lançamento (co-autoria, densidade do assunto, mudanças e atribulações pessoais das três autoras, etc). Além dos seis capítulos, introdução, glossário e índice remissivo preparado por nós três, ainda tem  prefácio do Alexander Halavais (Quinnipiac University, USA) e apresentação da Simone de Sá (UFF). A capa foi escolhida através de votação na comunidade da Editora Sulina no Facebook e em breve avisaremos do lançamento (vai ter um lançamento previsto para Porto Alegre) e de novas promoções por lá.

# Desde agosto do ano passado, estou colaborando –  junto com outros pesquisadores da área de Comunicação e Música -com a pesquisa comparativa sobre cenas musicais regionais do pesquisador  Micael Herschmann (UFRJ) – “Comunicação, Indústria da Música e Desenvolvimento Local Sustentável: o circuito cultural da Lapa e outros casos similares no Brasil, uma perspectiva comparada”. Para os próximos meses estou trabalhando no artigo “Cena Happy Rock online e offline e o  “novo”  rock gaúcho independente” juntamente com João Pedro Wiesniwsky Amaral que defendeu sua monografia sobre estratégias das bandas de Santa Maria nas plataformas de música online na UFSM uns dias atrás. O paper será publicado em agosto na coletânea com os resultados das pesquisas.

# Além desse paper, já tenho outros dois comprometidos, um para Compós e um sobre Steampunk para uma coletânea sobre a qual ainda não posso comentar muito. Tem também as atividades do meu novo Grupo de Pesquisa, cuja “inauguração” aconteceu em dezembro que vai enfocar as culturas de nicho; a associação dos pesquisadores em Comunicação e Música e  um projeto dedicado às teorias da Ficção Científica, Fantasia e Horror, fora algumas outras coisas que já estão em andamento mas ainda não foram confirmadas. Creio que 2011 será muito mais produtivo e interessante que 2010 🙂

Caso eu não retorne por aqui (estarei em @adriaramaral), desejo a todos uma excelente virada de ano. Muito sucesso, saúde e glitter para 2011. Brilhem muito!