Ativismo de fãs: um tema em discussão

fanactivism avatar

Já faz um tempo que tenho me incomodado com a ideia de uma separação entre um suposto “mundo fútil do entretenimento” e um  “mundo da cidadania e da política ativista”, como se fosse ainda possível separar tais instâncias, como se tanto a política como tanto o entretenimento não estivessem articulados e como se não possuíssem ingerências e afetações um sobre o outro. A partir dessa premissa e das discussões que temos travado no CULTPOP, eu, Rosana Souza e Camila Monteiro escrevemos o artigo “De Westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira”. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital brasileira apresentado na semana passada no GP Cibercultura da Intercom 2014 em Foz do Iguaçu.

Abaixo o resumo e as palavras-chave:

A partir do entendimento de que o ativismo de fãs é uma forma de resistência no âmbito  criativo e cultural, buscamos aqui discutir a mobilização desses grupos de fãs em prol de seus ídolos, bem como discutir sobre como a busca por intimidade e a relação de proximidade celebridade/fã são propulsoras de uma série de atividades que delineiam, (re)definem e ultrapassam as fronteiras do fandom. Observamos, a partir de reflexão teórica sobre tais fenômenos e discussão de exemplos do cotidiano, como o rico universo das práticas e produções digitais deste universo – fanfics, fanvids, fanzines, etc. – produzem reflexos socioculturais – rolezinho, crowdfunding, fanmades em protestos – ressignificando o que entendemos como resistência e problematizando a dualidade existente entre o “mundo do consumo e da cultura pop” e o “mundo da cidadania”.

Palavras-chave: ativismo de fãs; cultura digital; resistência; cultura pop

Comentários, discussões, debates são todos bem vindos 😉

Chamada sobre Materialidades da Música na Era Digital. CFP Musical Materialities in the Digital Age

Até sexta-feira, 14 de março ainda é possível enviar abstracts (ver as normas abaixo) para o evento Musical Materialities in the Digital Age que acontecerá dias 27 e 28 de junho na University of Sussex, Inglaterra. Corre lá!

Call for Papers
Musical Materialities in the Digital Age
27-28 June 2014, University of Sussex

Keynote Speakers
Will Straw (Professor, Department of Art History and Communications Studies, McGill University; Director, McGill Institute for the Study of Canada)
Noel Lobley (Ethnomusicologist and Research Associate, Pitt Rivers Museum, University of Oxford)

Conference outline
Music, while summoning notions of intangibility, transience and loss, is also associated with material objects that serve to ground the musical, make the transient permanent and defer loss. Unearthing music’s association with materiality reveals a fascinating array of artefacts, including instruments, scores, transcribing devices, sound recordings and much more. Such artefacts provide vital reference points for historical research as well as inviting new creative uses, rediscoveries and (re)mediations. They also add to the ever-growing archives of past objects, whether stored in ‘physical’ or digital forms. Music’s material traces serve as vital ways of mediating memory, whether in private collections or public exhibitions. Furthermore, the use of musical ‘ephemera’ such as record sleeves, programmes, flyers and posters as a primary means for putting the popular musical past on display in museums and galleries has highlighted the ways in which such objects are not so ephemeral after all.

The persistence of musical artefacts and musical materialities following the period of their initial use value poses interesting questions. What is the fate of musical artefacts once they become obsolescent? What becomes of music and its objects once relegated to archives? What is the role of musical artefacts in helping us to understand the past? What is the relationship between the physical and the digital in terms of music’s objects? To what extent does a focus on music’s objects challenge the idea of music as a social process? Conversely, what role does musical materiality play in the maintenance and development of rituals long associated with music? What rituals reformulate musical materiality? What does the remediation of the musical past via ‘media archaeology’ have to tell us about present desires, anxieties and needs? What is the role of museums, galleries, sound archives and libraries in these processes?

Working from the premise that musical materiality matters, the aim of this two-day interdisciplinary conference (welcoming papers from media studies, music studies, cultural studies, museum studies, memory studies and other cognate disciplines) will be to reflect upon the materialities of music objects/technologies in the digital age, with an emphasis on:

– Processes of remediation
– Residual media of ‘dead media’
– Cultural waste
– Media archaeology (and particular manifestations relating to sound and music, e.g. ‘vinyl archaeology’)
– The recycling of memory and material culture
– The digital archive
– The future of music creation and consumption
– Nostalgia and ‘retromania’
– Music as ‘thing’ and/or ‘process’
– Commodification

The contexts of reception, production and circulation of digital objects as well as existence of residual media and formats (playback devices, vinyl records, etc.) could be examined. We would welcome papers focusing on theoretical approaches (considering for instance the meanings and implications of digitisation), but also papers on particular case-studies (for instance on specific formats and devices i.e. MP3s, iPods, etc. or specific creative and consumptive practices). A broader contextualisation of the historical and technological scapes within which the issues of materiality and remediation emerge would also be very useful.

The conference organisers welcome individual papers, proposals for panels and round table discussions, and proposals for practical demonstrations/performances related to the themes of the conference. For individual papers, demonstrations and performances, abstracts of no more than 300 words should be submitted. Panels and round table proposals should include a session overview, participant biographies and description of individual contributions. Abstracts and proposals (as well as event queries) should be sent to Dr Richard Elliott  (R.Elliott@sussex.ac.uk) by 14 March 2014.

Conference organisers
Richard Elliott, University of Sussex
Elodie Roy, Newcastle University

Dr Richard Elliott
Lecturer in Popular Music
School of Media, Film and Music
University of Sussex
Falmer
BN1 9RG

T: 01273 877271
E: R.Elliott@sussex.ac.uk

http://www.sussex.ac.uk/music/people/list/person/307949
http://sussex.academia.edu/RichardElliott

Comentários sobre o MUSICOM 2012 e o You Pix POA

Minhas últimas semanas foram possuídas pelo ritmo ragatanga de trabalho. O início do semestre somado a muitos deadlines e a vários eventos sociais de ordem pessoal e profissional têm me mantido mais do que ocupada. Essa é a primeira semana em que dou uma parada para respirar.

Participei de dois eventos, diferentes mas igualmente bacanas na semana passada e vou fazer breves comentários sobre ambos:

MUSICOM 2012 – Entre os dias15 a 17 aconteceu o IV MUSICOM em São Paulo, na ECA-USP. Participei em dois momentos. Primeiro no dia 16 na mediação do GT Mídia, Música e Convergência Tecnológica. Também nesse dia, destaco a ótima mesa com Simone de Sá (UFF), Jeder Janotti Jr (UFPE) e os orientandos Melina Silva e Victor Pires:  “Das cenas urbanas aos territórios virtuais” que resgatou ótimos debates sobre cenas, subculturas,comunidades, territorialidades e outros termos, e tb com análises sobre o heavy metal e a nova música instrumental. Nesse dia, destaque também para a conferência de Micael Herschmann sobre a cena do jazz no RJ.

No dia 17, participei da mesa Afterpop: novas formas e experiências-limite na música pop contemporânea, coordenada pelo colega Fabricio Silveira (UNISINOS) e com a participação de José Claudio Castanheira (UFSC) e a minha. Abaixo o resumo da mesa:

A expressão “afterpop”, cunhada pelo crítico literário espanhol Eloy Fernández Porta, em publicação recente (Fernández Porta, 2007), possui, pelo menos, dois sentidos bastante demarcados. Primeiro, refere à complexificação e ao reordenamento das estéticas pop, que não se deixariam mais entender – hoje, talvez mais do que nunca – em função de noções como “popular” e “massivo”, dentre outras estabilidades conceituais há muito vigentes – praticadas, pelo menos, desde as clássicas discussões de Umberto Eco em Apocalípticos e Integrados (1968). O cenário cultural contemporâneo (afterpop) estaria povoado por formas e manifestações culturais muito mais complexas, sutis e difusas. Junto disso, a expressão designa também a necessidade de que, neste contexto, o crítico cultural (seja ele o crítico acadêmico, o crítico profissional ou o consumidor crítico) repense o próprio papel, repense as relações fruitivas e avaliativas que estabelece com produtos assim definidos. A mesa irá repercutir tais questões, destacando casos e experiências singulares que sejam então representativos das novas formas expressivas e das experiências-limite hoje em gestação no âmbito restrito da música pop contemporânea.

Fabricio apresentou o trabalho Radiohead: efeitos estéticos no sistema midiático;  José Cláudio apresentou Filmes e canções. A estética do videoclipe em filmes narrativos e eu apresentei “Desfrute do abuso” Imaginário e gêneros na cena industrial, cujo resumo reproduzo abaixo:

Na mais recente edição do festival canadense Kinetik 2012, um dos maiores eventos dedicados ao gênero industrial, o músico Jairus Khan (da banda Ad.ver.sary) utilizou o palco para apresentar um manifesto em forma de vídeo criticando as duas bandas que tocariam após a sua apresentação e que ele considera como deturpando a cena “industrial” devido a uma estética fascista e machista, sobretudo em termos visuais. Em contraponto, Combichrist e Nachtmahr, as bandas criticadas – e dentre as mais populares da cena atualmente – se defenderam a partir de três premissas: a liberdade de expressão, a quebra de regras e o uso de um “personagem-narrador”. A partir desse caso ilustrativo e o seu entorno comunicacional (os videoclipes criticados, o vídeo-resposta, as entrevistas dos artistas e os comentários dos participantes/fãs), pretende-se problematizar o imaginário da cena industrial no contexto dos anos 10, a fim de discutir suas representações de gênero freqüentemente utilizadas como crítica a essa cena.

Especificamente a respeito desse paper, ele parte de algumas observações empíricas para problematizar as noções de gênero e as disputas simbólicas geracionais e sonoras da cena industrial no contexto global. Ele se encontra no prelo e assim que for publicado, eu informo.

Os debates foram bastante profícuos e foi possível se atualizar no que está sendo pesquisado sobre música e comunicação. O evento estava bem organizado, pena que não pude ver as conferências de encerramento devido ao horário do meu vôo. O único problema na minha opinião foi a falta de rede para comentarmos e ampliarmos as dicussões. Nem mesmo meu 3G funcionava.

youPIX Festival em Porto Alegre:

Cid, eu. Bia Granja e Rosana debatendo sobre memes e cultura

a internet se encontrando fora da internet

No dia 18, sábado pela manhã, fiz minha participação no youPIX Festival POA onde participei do painel Meme: O negócio ficou sério juntamente com a jornalista Rosana Hermann e com o blogueiro de humor Cid, do blog Não Salvo e Bia Granja, curadora do youPix e responsável pela mediação. Minha fala foi bastante centrada nos memes enquanto micronarrativas da cultura pop e sobre a importância do trash na estética dos mesmos, entre outras discussões. Foi bem bacana dialogar com um outro tipo de público, que não o acadêmico.

Comentários sobre o evento em geral: https://twitter.com/#!/youpix/favorites

O debate foi filmado e o ppt em breve será disponibilizado pela Bia. Agradeço também aos amigos e alunos que foram me prestigiar.

Da esq p/ direita: Renata, Ari, eu, Nayane, Er, Aninha, Die e Bru

Algumas notas sobre o Digitalia

Na semana passada estive em Salvador participando do Digitalia – Festival Internacional de Cultura e Música Digital. Em primeiro lugar gostaria de destacar o formato do evento que incluia mesas e apresentações de trabalhos acadêmicos, performances, workshops, desconferências e shows. Foi muito rico em termos de conteúdo e de dar uma leveza e empiria ao encontro e às trocas entre atores que trabalham nos diversos aspectos do campo da música e da cultura digital. Parabéns a toda a organização, em especial ao Messias Bandeiras e à Tatiana Lima.

O evento começou no dia 01 com uma abertura no Teatro Vila Velha – que eu não conhecia e que achei com um astral ótimo – com a presença de Gilberto Gil, Derrick Deckerckove, Ronaldo Lemos e a conferência do DJ Spooky a.k.a. Paul Miller que falou sobre os processos de remixagem e produção musical do fonógrafo aos aplicativos de iPad. Ainda teve show da Orquestra Rumpilezz e um coquetel com comida típica. Infelizmente não pude ficar para o show de encerramento com Criolo e Stomp na Concha Acústica, mas pelas fotos que vi, com certeza foi um sucesso, pois o evento estava sempre com muita audiência.

Participei da Mesa sobre “O estatuto da performance musical nos dispositivos e plataformas tecnológicas” juntamente com os colefas Thiago Soares (UFPB) e Vinicius Andrade Pereira (UERJ/ESPM). Thiago falou sobre as epifânicas aparições performáticas de celebridades da música no Twitter, eu comentei sobre o conceito de co-performance no electro-industrial e no witch-house e Vinicius falou sobre a performance sensorial e corporal do noise.

Dentre as coisas interessantes que consegui assistir, a desconferência com Gilberto Gil, Juca Ferreira, Deckerchove e Spooky foi bacana e a mesa sobre cenas e gêneros com Simone de Sá e Jeder Janotti Jr. Simone falou sobre apropriações ddas tecnologias na cultura do funk carioca, tendo como objeto de análise a “batalha dos passinhos”. A fala de Simone foi bastante centrada na questão cultural dos usos do celular e de plataformas como o youtube para mostrar sua relação com o local e com a forma como nos relacionamos com as mesmas, dando visibilidade a gêneros e cenas.

Jeder tratou da discussão sobre cenas como uma categoria fluida tendo como objeto uma análise de como o gênero Heavy Metal se configura como global e local entre o macro e o micro e como essa relação com o local impacta na linguagem e estética do produto e até mesmo na musicalidade do mesmo. Sua fala centrou-se sobretudo na cena mineira de Metal dos anos 80/90 e suas características e no caso específico do Sepultura, que em Territory endereça questões que articulam vários âmbitos e instâncias como a luta política pelo território seja ele físico (de Israel x Palestina no caso da música) ou simbólico (a cena mineira, a cena nacional e a cena internacional de Metal). Uma fala bastante inspirada, diga-se de passagem.

O Digitália mostrou que dá sim para misturar produtores, pesquisadores, performers, etc e manter o nível das discussões e as identidades de cada espectro do circuito relacionado à cadeia da música. Espero que o Festival tenha uma segunda edição no ano que vem, até porque encontrar colegas como Simone, Vinicius, Thiago, Jeder, entre outros em Salvador mais do que trabalho é um prazer. O ponto negativo fica por conta do caos detonado na cidade pela greve da polícia e suas questões políticas entre o governador e o clima de tensão devido ao relato das mortes e saques à lojas. Por isso, muitas programações como shows, teatros e museus foram canceladas, mas também saliento que há um certo alarmismo da mídia. Torço para que essa gravíssima situação seja revertida.

“Turning here, looking back in time”: Especulando o retrofuturismo de 2012

2011 foi um ano dificílimo e complexo de ser apreendido por uma só ótica.

logos sociaisMobilizações e manifestações de cunho político, social, econômico, cultural, etc (ok, não é possível traçar linhas entre essas categorias ou tampouco delineá-las dados os embates de interesses cada vez maiores) através dos sites de redes sociais ganharam novos contornos e pautaram a mídia de referência (ou massiva ou mainstream, whatever). As guerras entre fandoms de gêneros musicais, bandas ou artistas; o ativismo político foi tudo trend topic. A rua e a tecnologia estiveram cada vez mais entrelaçadas através do fluxo de postagens e produção de conteúdos disponibilizados via celulares, tablets e dispositivos móveis em geral.

Ao contrário das previsões de alguns catastróficos, os blogs não morreram. Eles ganharam outras apropriações, voltadas a nichos cada vez mais específicos e se integraram à circulação e à re-circulação através de práticas como a da re-blogagem. Eis ai o excesso cognitivo e o destaque que o Tumblr ganhou nesse ano, sobretudo no que diz respeito à velocidade do humor e dos memes que “contagiaram” boa parte do que foi postado, sobretudo no Facebook e no Twitter. Curtir, retuitar, timeline, o vocabulário da computação social popularizou de tal forma que esteve presente nos mais diversos lugares como salões de beleza, almoços de família e discussões de bares. O excesso de conteúdo também nos deu momentos de estresse informacional por vezes divertidos e sociais  – como na cobertura de eventos como o Rock in Rio por exemplo – por vezes estúpidos em casos de racismo, homofobia, discriminação, etc. Tudo isso tem muito menos a ver com as plataformas e suas materialidades, mas com as misérias da humanidade. Contudo, O silêncio e a desconexão também são necessários.

Desde sempre visualizei o entrelaçamento dos ambientes, conteúdos, emoções, pessoas, mas em 2011 ficou tudo muito mais explícito com tantos aplicativos que congelam momentos da vida ou nos dão pistas e tracejados dos caminhos escolhidos. A instagramização da vida cotidiana; os amigos encontrados via geolocalização e a constante vigilância 4squareana do todos vêem, todos sabem; os angry birds da vida presencial nos atirando pedras a cada erro. A música e os videoclipes continuaram fluindo através do YouTube e seus comerciais insuportáveis; pelas nuvens cada vez mais populares do SoundCloud e o “modelão” de negócios do iTunes chegou ao final do ano no Brasil. A tensão entre o comércio,  as estratégias de marketing e as liberdades e anonimatos entraram em disputa várias vezes.

ABC

Em termos de cultura pop, 2011 apostou no revival, sobretudo tirando o mofo das camisas xadrezes e coturnos do grunge dos armários e guarda-roupas com os 20 anos de Nevermind, o retorno do Foo Fighters – com um álbum declaradamente nostálgico, Wasting Light – as referências em seriados (como Californication e outros) e filmes. O álbum tributo à Achtung Baby do U2 (1991) fechou um círculo de influenciáveis e influenciados com o Garbage do Butch Vig, o NIN de Trent Reznor e o eterno Depeche Mode (também produzido por Flood em Violator, outro grande álbum noventista).O dubstep virou pop e deu vida aos remixes de Justin Biber a Katy Perry, e o witch-house assombrou a música eletrônica.

A fantasia, ainda bem, retornou em grande estilo ao horário nobre da televisão com Game of Thrones sendo disparado o melhor seriado do ano (na minha opinião, claro). O horror e a bizarrice neo-gótica da América do Norte também teve seu espaço com American Horror Story oscilando entre o riso nervoso e o surrealismo fetichista. O retrô das mais variadas épocas deu a tônica em muitos momentos de 2011. Nunca se falou tanto nas redes  sobre as mais diversas épocas: o neovitorianismo steampunk; o fantástico medieval; os anos 90 nas festas e produções musicais. Até a realeza britância deu os ares de sua graça transformando novamente o ritual de um casamento real em um espetáculo global televisionado ao vivo, tuitado, blogado, etc. A curadoria de informações é um instrumento metodológico cada vez mais relevante, vejam só.

Não tenho bola de cristal, sou apenas uma pesquisadora das culturas emergentes, embora tenha os dons “cayce pollardianos de mediunidade semiótica coolhunting das ruas” (Fabio Fernandes All Rights Reserved). Especulo a partir de todo esse Zeitgeist – no sentido da especulação utilizado pela ficção-científica – que esse iníciozinho dos anos 10 (que começa com mais força agora em 2012) vai ser muito pautado por essa ambivalência experimental de sensações de tempo e espaço. Ainda estamos nos acostumando, enquanto sociedade, a nos apropriar dos meios, a nos estender tecno-social e materialmente pelos territórios, a compreender nossos corpos, desejos, sentimentos e pensamentos dentro desse contexto (re)mediado full-time, o que não é nada fácil, dai o apelo tão forte da nostalgia na construção de um futuro em constante conexão. E é nesse ponto que uma (an)arqueologia midiática se torna tão rica para observamos o presente e vislumbres do futuro dos artefatos e suas trajetórias narrativas, que contam cada um do seu jeito, nossas histórias/estórias.

Nesse sentido, desejo um 2012 repleto de narrativas, de grandes conquistas, de prazeres diários. “Celebrate the life and times of splendor” diz o VNV Nation em Space & Time, uma das melhores faixas de Automatic (2011), não por acaso um álbum conceitual acerca das tecnologias e estéticas dos anos 30, retrô-futurismo indicando até mesmo minha última songpost do ano. Em 2012, mais Victories Not Vengeances!

Space & Time

VNV Nation

Tear apart the life and times of familiar faces
And tracing lines to what connects me and binds me to
Images of the remote and never-changing
Grand designs, style and grace
And am i

Lost in thoughts on open seas
Let the currents carry me
If i could would i remain
Another life or another dream

No turning back, face the fact
I am lost in space and time
Turning here, looking back in time

One and all let us celebrate the rise and fall
Celebrate the life and times of splendor
Desire and love constant and never-changing
The flow of times, closed in lines
Can’t tell if i’m just

Lost in thoughts on open seas
Let the currents carry me
If i could would i remain
Another life or another dream

No turning back, face the fact
I am lost in space and time
Turning here, looking back in time

CfP Digital Culture: Innovative practices and critical theories

Call for Papers

ECREA Digital Culture &  Communication 3rd workshop
Barcelona, Spain, November 24-25

co-organised by the
ECREA Digital Culture&  Communication (DCC) section,
Humanities Department and Information and Communication Sciences Department
Universitat Oberta de Catalunya,
with support from the
Centre for Material Digital Culture (DMDC), University of Sussex, UK

CALL FOR PAPERS:

This workshop seeks to explore innovative perspectives on digital
culture and the study of digital culture. Our concern is to focus on
developing forms of theorizing, critiquing, understanding and
researching digital culture, forms and practice. Our intention is to
contribute to emerging work responding (1) to ‘new’ new media
technologies of all kinds, and (2) to respond to developments in media
research on technology and innovation.

We invite contributions of all kinds, but suggest proposals for papers
may fall into three main areas. Each relates to theories, practices
and methodologies of innovation. They are:

1) Digital Media and the senses. This may include works on or related
to enhanced reality, locative media and virtual worlds.
2) Creative practices and participation in new media. Here we are
particularly concerned with discussing concepts of participation,
co-creativity, co-design or co-innovation in creative processes
involving audiences and independent creators in a wide spectrum of
activities including art, photography, video, videogames.
3) Digital research and education in digital culture.This would seek
to explore innovative theoretical and methodological approaches in
digital media studies as well as innovative teaching tools.

The workshop develops concepts and ideas developed at the previous
Digital stream workshop ‘Revisiting Digital Theories’ – our goal in
exploring innovative forms of media culture is to do so within
frameworks that are capable of thinking through technological and
critical innovation whilst also recognizing the connection of both
with earlier forms.

Please submit an extended abstract (500 words max.) by the 6th of June
2011 (and clearly stating which topic section you would like to submit
this to) to: ecreadigitalculture@gmail.com

Venue: Centre d’Estudis i Recursos Culturals, Barcelona (Spain)
http://www.diba.cat/cerc/

Keynote speakers:

Rosalind Gill, Centre for Culture, Media and Creative Industries
King’s College London

Sarah Pink, Department of Social Sciences
Loughborough University, Visiting Scholar IN·3 Institute, UOC.

Coordinators:

Elisenda Ardèvol – Universitat Oberta de Catalunya
Caroline Basset – University of Sussex
Gemma San Cornelio – Universitat Oberta de Catalunya
Digital Culture and Communication ECREA section

Scientific Committee:

Katlheen O’Riordan – University of Sussex
Smiljana Antonijevic – Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences
Bridget Wessels – Sheffield University
Alberto García – Universidad Complutense de Madrid
Antoni Roig – Universitat Oberta de Catalunya
Natalia Abuin – Universidad Complutense de Madrid
Micheal Bull – University of Sussex
David Berry – Swansea University
Caja Thimm – Universität Bonn
Aristea Fotopoulou – University of Sussex
Sisse Siggaard Jensen -Roskilde University
Gemma San Cornelio – Universitat Oberta de Catalunya
Caroline Bassett – University of Sussex
Elisenda Ardévol – Universitat Oberta de Catalunya

more info at:
http://www.digitalcultureandcommunication.blogspot.com/

ecreadigitalculture@gmail.com

Curso sobre Cultura Digital e Aula Inaugural no DigiCorp da USP

De 25 a 28 de março participarei de várias atividades na ECA – Escola de Comunicação e Artes da USP em São Paulo, mais especificamente no Digicorp – Curso de pós-graduação em Gestão Integrada da Comunicação Digital nas Empresas. O curso é coordenado pela colega Profa. Dra. Elizabeth Saad Correa. Nos dias 25 e 26 (sexta e sábado) ministro a disciplina Teorias da Cultura Digital.
Conteúdo do curso:

* Entendendo a cibercultura – breve historicização e conceitos-chaves (ciberespaço comunicação mediada por computador, sociabilidade nas redes, relações homem-máquina)
* Imaginários tecnológicos – A ficção-científica como elemento mediador, pós-humanismo e os estilos de vida da cultura digital
* Pesquisa sobre a internet I – Panorama do campo e estado-da-arte, redes sociais, comunidades online, consumo e entretenimento (música, games, transmídia, etc)
* Pesquisa sobre a internet II – Aspectos metodológicos (escolha do objeto, tipos de observação, construção da mostra, métodos e ferramentas com destaque para abordagens etnográficas e análise de redes sociais), cases de estudo e discussões de tendências

[1] Sexta-feira, Dia 08/Abril, das 19h às 23h (4 horas/aula)
[2] Sábado, Dia 09/Abril, das 9h às 18h (8 horas /aula)

Aula inaugural Digicorp

aula inaugural digicorp 2011

Já na segunda-feira,  dia 28 de março, a partir das 19h, ministro a aula inaugural para os ingressantes do curso. O tema será “Práticas culturais de engajamento dos fãs através das mídias sociais: mobilização, curadoria e memória“. Vou tratar de algumas práticas de reconfiguração da relação músicos-audiência a partir dos sites de redes sociais, bem como de algumas práticas como fansourcing e fanfunding.

Local: Sala 205 do Edifício Central da USP, 2o. andar.

Site

http://grupo-ecausp.com/digicorp/

2011 Pop Conference

Parece bacaníssimo esse evento que acontecerá de 25 a 27 de fevereiro na California. Para quem está interessado em Sound Studies, entretenimento e cultura pop é um prato cheio.

Fiquei sabendo através de um link enviado pela pesquisadora da cena indie Wendy Fonarow, que será uma das mediadoras.

Cash Rules Everything Around Me: Music and Money 2011 EMP Pop Conference at UCLA

Feb 25 – 27, 2011
Los Angeles, California
Jointly sponsored by Experience Music Project and the UCLA Department of Musicology.

A programação está simplesmente magnífica com temas que vão da economia do rock à categorização de gêneros musicais, passando pela questão dos ídolos e do branding musical. Sem contar que tem um painel inteirinho dedicado ao KISS no dia 27/2. Vejam ai embaixo.

4:15 – 6:15
>> Dynasty: The KISS Panel
Venue: Room 314, Royce Hall, UCLA
Moderated by: Lauren Onkey
Featuring:
Evie Nagy, “The Demon’s Manifesto: Gene Simmons and the Foundations of a Musical Superpower”
Andrew Beaujon, “Kiss of Life: Why KISS Fans—Still—Empty Their Wallets”
Ann Donahue, “Rock the Cash Box: How KISS Made Selling Out Cool”
Chuck Klosterman, “The Street Giveth and the Street Taketh Away”
Esse tipo de evento com temáticas transversais a várias disciplinas (musicologia, comunicação, antropologia, etc) é uma prática constante no exterior, mas no Brasil as coisas ainda caminham muito lentamente. Felizmente algumas pessoas têm desbravado a facão esse “mato” (e não campo) rs
Vou tentar acompanhar pelo Twitter @empsf

CFP: The Digital Humanities: Beyond Computing

CALL FOR PAPERS

THE DIGITAL HUMANITIES: BEYOND COMPUTING

Special issue of Culture Machine, vol. 12; http://www.culturemachine.net
edited by Federica Frabetti (Oxford Brookes University)

The emerging field of the Digital Humanities can broadly be understood as embracing all those scholarly activities in the humanities that involve writing about digital media and technology as well as being engaged in processes of digital media production (e.g. developing new media theory, creating interactive electronic literature, building online databases and wikis). Perhaps most notably, in what some are describing as a ‘computational turn’, it has seen techniques and methodologies drawn from Computer Science – image processing, data visualisation, network analysis – being used increasingly to produce new ways of understanding and approaching humanities texts.

Yet just as interesting as what Computer Science has to offer the humanities, surely, is the question of what the humanities have to offer Computer Science; and, beyond that, what the humanities themselves can bring to the understanding of the digital. Do the humanities really need to draw so heavily on Computer Science to develop their sense of what the Digital Humanities might be? Already in 1990 Mark Poster was arguing that ‘the relation to the computer remains one of misrecognition’ in the field of Computer Science, with the computer occupying ‘the position of the imaginary’ and being ‘inscribed with transcendent status’. If so, this has significant implications for any so-called ‘computational turn’ in the humanities. For on this basis Computer Science does not seem all that well-equipped to understand even itself and its own founding object, concepts and concerns, let alone help with those of the humanities.

In this special issue of Culture Machine we are therefore interested in investigating something that may initially appear to be a paradox: to what extent is it possible to envisage Digital Humanities that go beyond the disciplinary objects, affiliations, assumptions and methodological practices of computing and Computer Science?

At the same time the humanities are not without blindspots and elements of misrecognition of their own. Take the idea of the human. For all the radical interrogation of this concept over the last 100 years or so, not least in relation to technology, doesn’t the mode of research production in the humanities remain very much tied to that of the individualized, human author? (Isn’t this evident in different ways even in the work of such technology-conscious anti-humanist thinkers as Deleuze, Guattari, Kittler, Latour, Negri, Ranciere and Stiegler?)

So what are the implications and possibilities of ‘the digital beyond computing’ for the humanities and for some of the humanities’ own central or founding concepts, too? The human, and with it the human-ities; but also the subject, the author, the scholar, writing, the text, the book, the discipline, the university…

What would THAT kind of (reconfigured) Digital Humanities look like?

We welcome papers that address the above questions and that suggest a new, somewhat different take on the relationship between the humanities and the digital.

Deadline for submissions: 18 October 2010

Please submit your contributions by email to Federica Frabetti:
<kikka66it@yahoo.it>

All contributions will be peer-reviewed.

****************************************************
Established in 1999, CULTURE MACHINE http://www.culturemachine.net is a fully refereed, open-access journal of cultural studies and cultural theory. It has published work by established figures such as Mark Amerika, Alain Badiou, Simon Critchley, Jacques Derrida, Henry Giroux, Mark Hansen, N. Katherine Hayles, Ernesto Laclau, J. Hillis Miller, Bernard Stiegler, Cathryn Vasseleu and Samuel Weber, but it is also open to publications by up-and-coming writers, from a variety of geopolitical locations.

Cultura digital y vida cotidiana en Iberoamérica

O periódico mexicano Razón y Palabra traz como dossiê especial de sua mais recente edição (Agosto-Outubro 2010) o tema Cultura digital y vida cotidiana en Iberoamérica. Vale a pena conferir a série de artigos:

PRÁCTICAS CARTOGRÁFICAS COTIDIANAS EN LA CULTURA DIGITAL Juan Freire y Daniel Villar Onrubia

CULTURA DIGITAL E INVESTIGACIÓN COMERCIAL DE MERCADOS Fernando Garrido Ferradanes

NUEVOS ALFABETISMOS, VIEJOS PROBLEMAS: EL NUEVO MUNDO DEL TRABAJO Y LAS ASIGNATURAS PENDIENTES DE LA EDUCACIÓN
Cristóbal Cobo Romaní

LIBERAR EL CÓDIGO FUENTE
ZEMOS981
Rubén Díaz, Felipe G. Gil y Pedro Jiménez

LOS CIRCUITOS ALTERNATIVOS DE LA LECTURA Y EL LIBRO EN LA ÉPOCA DE SU REPRODUCTIBILIDAD DIGITAL
Javier Gómez Murcia

NUEVAS POSICIONES CRÍTICAS DE LA CREACIÓN ARTÍSTICA DIGITAL FRENTE A LA REALIDAD TECNOLÓGICA, SOCIAL Y CULTURAL IBEROAMERICANA.
Paloma G. Díaz

MIRADAS PROPIAS Y AJENAS: EL SENTIDO DE REFLEXIVIDAD EN EL BLOGGING AUTOBIOGRÁFICO
Dorismilda Flores Márquez

NATIVOS DIGITALES EN LA SELVA SONORA. TECNOLOGÍAS Y EXPERIENCIA CULTURAL EN LA MÚSICA DIGITAL
Héctor Fouce

TECNOLOGÍAS “SOCIALES” EN UNA SOCIEDAD TECNOLÓGICA
Antonio Fumero

PERSPECTIVAS DE LA INVESTIGACIÓN ACADÉMICA EN CULTURAS DIGITALES. APERTURA, PARTICIPACIÓN Y TRANSFERENCIA PARA UNA INVESTIGACIÓN UNIVERSITARIA EN LA SOCIEDAD DE LA INFORMACIÓN
Daniel Martí

ZAPPING, NAVEGACIÓN, NOMADISMO Y CULTURA DIGITAL
Roberto Balaguer Prestes

E-PARTICIPACIÓN: DE CÓMO LAS NUEVAS TECNOLOGÍAS ESTÁN TRANSFORMANDO LA PARTICIPACIÓN CIUDADANA
David Casacuberta y Antoni Gutiérrez-Rubí

REINVENTAR EL PERIODISMO: MEDIOS NECESARIAMENTE MÁS PARTICIPATIVOS PARA UNA SOCIEDAD MÁS DEMOCRÁTICA
Sergio M. Mahugo

TECNOLOGÍAS INFOCOMUNICACIONALES Y CULTURALIZACIÓN DE LA ECONOMÍA. FACEBOOK COMO EJEMPLO DE LA CULTURA COMO RECURSO
Carolina Emilia Di Próspero